Edição Brasília

Justiça afasta cúpula do BRB em operação da PF que prendeu dono do Master

Justiça afasta cúpula do BRB e PF prende dono do Banco Master nesta terça (18), em operação contra fraudes com títulos de crédito.
BRB Banco Master fraude
Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

A Justiça Federal determinou o afastamento da cúpula do Banco de Brasília (BRB) e a Polícia Federal (PF) prendeu o proprietário do Banco Master, Daniel Vorcaro, nesta terça-feira (18). Estas ações são parte da Operação Compliance Zero, que visa desarticular um esquema de fraudes com títulos de crédito no sistema financeiro nacional. O presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Finanças e Controladoria, Dario Oswaldo Garcia Júnior, foram os executivos temporariamente retirados de seus cargos por decisão judicial.

Cúpula do BRB Afastada em Operação Policial

Especificamente, o afastamento de Paulo Henrique Costa e Dario Oswaldo Garcia Júnior foi decretado por pelo menos 60 dias. Em um comunicado oficial, o banco estatal do Distrito Federal confirmou as deliberações judiciais. O BRB, entretanto, assegurou que suas operações prosseguirão normalmente, garantindo a segurança de seus clientes, parceiros e de toda a sua estrutura operacional, apesar das recentes movimentações.

A Operação Compliance Zero foi deflagrada pela Polícia Federal como desdobramento de investigações iniciadas em 2024. Seu foco principal é apurar e combater a emissão de títulos de crédito fraudulentos por instituições financeiras no país. Nesta terça-feira, as investigações culminaram na prisão de Daniel Vorcaro, um nome proeminente no setor bancário.

Histórico da Tentativa de Aquisição

Antes dos acontecimentos atuais, o Banco Master esteve no centro de uma notável tentativa de aquisição. Em março deste ano, o BRB havia anunciado formalmente sua intenção de adquirir o Banco Master por um montante de R$ 2 bilhões. De acordo com informações divulgadas pelo BRB na época, esse valor representaria cerca de 75% do patrimônio consolidado do Master.

Esta negociação, por sua vez, gerou grande repercussão e levantou questionamentos significativos em todo o mercado financeiro, na imprensa especializada e no cenário político. Analistas do setor já expressavam desconfiança em relação à atuação do banco de Daniel Vorcaro, mesmo antes da proposta de compra. Posteriormente, no início de setembro, o Banco Central (BC) rejeitou oficialmente a solicitação de compra do Master pelo BRB, encerrando as tratativas.

Detalhes da Operação Compliance Zero

A Operação Compliance Zero, impulsionada por investigações da Polícia Federal iniciadas em 2024, visa especificamente combater a emissão de títulos de créditos falsos. As instituições sob suspeita são acusadas de orquestrar falsas operações de crédito, simulando empréstimos e outros valores a receber que, na verdade, nunca existiram. Em seguida, estas mesmas instituições negociavam tais “carteiras de crédito” com outros bancos, criando um mercado de dívidas fictícias.

Um aspecto crucial do esquema envolvia a aprovação contábil. Após o Banco Central validar a contabilidade, as instituições substituíam esses créditos fraudulentos e títulos de dívida por outros ativos, porém, sem a devida avaliação técnica. O Ministério Público Federal (MPF) solicitou a investigação, e o Banco Master figura como o principal alvo desta operação. Diante das acusações e afastamentos, o BRB reiterou em nota que sempre operou em estrita conformidade com as normas de compliance e transparência. Além disso, a instituição afirmou que prestou informações regularmente ao MPF e ao Banco Central sobre todas as transações relacionadas à potencial aquisição do Banco Master.

Estratégias e Desafios do Banco Master

O Banco Master ganhou notoriedade no mercado por adotar uma estratégia agressiva para captação de recursos. A instituição oferecia rendimentos de até 140% do Certificado de Depósito Bancário (CDI) a investidores que adquiriam seus papéis, uma promessa de lucro consideravelmente superior às taxas médias praticadas por bancos de menor porte, que geralmente se situam entre 110% e 120% do CDI. Essa política de altos retornos, por exemplo, atraiu atenção, mas também gerou questionamentos.

Adicionalmente, as operações do banco envolvendo precatórios – títulos de dívidas de governos com sentença judicial definitiva – intensificaram as dúvidas sobre a real saúde financeira do Banco Master. Por outro lado, a instituição enfrentou dificuldades ao tentar emitir títulos em dólares, não conseguindo captar os recursos esperados no mercado internacional. Em um desenvolvimento recente, apenas ontem (17), o grupo Fictor, especializado em investimentos e gestão de empresas, anunciou que havia chegado a um acordo para adquirir o Banco Master, adicionando mais um capítulo à complexa história da instituição.