Edição Brasília

Justiça aceita denúncia contra ex-porta-voz da PM por invasão e constrangimento

A Justiça Militar do Rio de Janeiro aceitou a denúncia e tornou o tenente-coronel Ivan Blaz, ex-porta-voz da PM, réu por invasão de domicílio e constrangimento ilegal.
Ivan Blaz invasão constrangimento
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A Justiça Militar do Rio de Janeiro formalizou a denúncia do Ministério Público, transformando o tenente-coronel Ivan Blaz, ex-porta-voz da Polícia Militar, em réu por crimes de invasão de domicílio e constrangimento ilegal. Este desenvolvimento jurídico significa que o oficial superior agora enfrentará um processo formal, submetendo-se ao escrutínio do sistema de justiça para responder pelas acusações que pesam contra ele.

Os Detalhes da Acusação e do Incidente

A denúncia, aceita pela Auditoria da Justiça Militar do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, detalha infrações que teriam sido cometidas pelo tenente-coronel Blaz. Portanto, com a aceitação formal, o caso avança para a fase de instrução, onde as provas serão apresentadas e analisadas. Além disso, a condição de réu impõe ao acusado uma série de obrigações e restrições enquanto o processo tramita.

O incidente central da acusação ocorreu em janeiro deste ano, quando o oficial invadiu um edifício residencial localizado na Rua Rui Barbosa, no bairro do Flamengo, área nobre da zona sul do Rio. Na ocasião, Blaz justificou a ação alegando a busca pelo traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, líder do Complexo de Israel, situado na zona norte da cidade. Entretanto, a base para essa intervenção, conforme apontado na denúncia, foi uma informação anônima que supostamente indicava a presença do criminoso no local, sem o devido mandado judicial para ingresso no domicílio.

Vídeos amplamente divulgados mostram a dinâmica da operação. O tenente-coronel, acompanhado por uma policial à paisana, abordou e rendeu o porteiro do prédio, forçando-o a se deitar com o rosto contra o chão. Subsequentemente, outros cinco policiais, armados com fuzis e pistolas, entraram no edifício para dar prosseguimento à suposta busca. Adicionalmente, a forma como a entrada foi realizada é um dos pontos cruciais da acusação de violação domiciliar e constrangimento ilegal, levando à formalização do processo contra Blaz.

Primeiras Consequências e Afastamento da Função

Como desdobramento imediato do episódio, Ivan Blaz foi exonerado de seu cargo de comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, sediado em Botafogo, também na zona sul carioca. Contudo, as implicações legais se aprofundaram com a decisão da Justiça Militar, que considerou a necessidade de medidas mais drásticas diante da seriedade das acusações.

Ao analisar a denúncia e os elementos apresentados pelo Ministério Público, a Auditoria Militar determinou a suspensão integral do exercício da função pública de Ivan Blaz. Assim sendo, ele está proibido de atuar tanto nas atividades operacionais inerentes à função policial quanto nas tarefas administrativas, que são de natureza de meio. Essa suspensão visa garantir a isenção da apuração dos fatos.

A justificativa para tal medida enfatiza a gravidade da conduta e o impacto potencial na ordem pública. A decisão judicial apontou que o suposto crime teria sido praticado em razão da posição hierárquica e da função desempenhada pelo acusado, o que agrava a situação. Consequentemente, o afastamento foi considerado indispensável para preservar a integridade do processo e a confiança nas instituições. Portanto, a corte entendeu que a continuidade de Blaz em qualquer atividade ligada à PM poderia comprometer a investigação e, eventualmente, oferecer risco às partes envolvidas.

Medidas Cautelares Impostas

Além da suspensão das funções, o tenente-coronel Ivan Blaz foi submetido a uma série de medidas cautelares, visando garantir a lisura do processo e evitar interferências. Por exemplo, ele deverá comparecer trimestralmente em juízo, com a finalidade de informar e justificar suas atividades, mantendo a Justiça ciente de seus passos.

Adicionalmente, uma das determinações mais importantes é a proibição de manter contato, direto ou indiretamente, com as vítimas, testemunhas ou qualquer pessoa envolvida nos fatos investigados. Dessa forma, busca-se evitar qualquer tipo de coação ou influência sobre aqueles que prestarão depoimento, assegurando a liberdade de suas declarações.

Outrossim, Blaz teve seu porte de armas de fogo suspenso, uma medida padrão em casos de tal natureza para oficiais em processo judicial, que visa remover potenciais riscos. Finalmente, foi imposta a ele a proibição de se ausentar da cidade onde reside, exceto mediante prévia autorização judicial. Em suma, estas restrições refletem a seriedade das acusações e o rigor com que a Justiça Militar está conduzindo o processo, assegurando a ordem e a busca pela verdade.