Edição Brasília

Jovens do Brics defendem energia nuclear como solução para transição energética

Jovens dos países do Brics defendem a energia nuclear como solução limpa e acessível para a transição energética, em discussões que antecedem a Cúpula no Rio de Janeiro.
Jovens Brics energia nuclear
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Jovens representantes das nações que compõem o Brics (bloco de 11 países) estão defendendo vigorosamente a energia nuclear como uma alternativa limpa e economicamente acessível para impulsionar a transição energética global. Essas discussões significativas antecedem a Cúpula do Brics, agendada para este domingo (6) no Rio de Janeiro, onde questões energéticas estarão entre os principais pontos da agenda. Antes mesmo do início do evento principal, diversas vozes, incluindo as da juventude, já se manifestam em relação a este tema crucial.

Apoio Jovem à Energia Nuclear

Alexander Kormishin, presidente e diretor-geral da Agência de Energia para a Juventude do Brics, de nacionalidade russa, ressaltou que há um claro posicionamento da nova geração em favor da energia nuclear. Segundo Kormishin, muitos jovens demonstram uma inclinação pela geração nuclear de energia, principalmente por considerá-la uma fonte limpa, tecnologicamente avançada e capaz de garantir acesso amplo e econômico à energia. Consequentemente, ele argumenta que essa abordagem pode gerar benefícios sustentáveis e duradouros para as futuras gerações. Além disso, Kormishin observou que os países do Brics vêm progredindo no financiamento de projetos relacionados à energia nuclear, indicando um compromisso crescente com essa matriz energética.

Desdobramentos para a COP30

Ainda de acordo com Alexander Kormishin, o tema da energia nuclear terá um papel proeminente nas discussões da COP30, que ocorrerá em novembro, na cidade de Belém. Ele recordou que, durante a 7ª Cúpula da Juventude de Energia do Brics, realizada no mês anterior em Brasília, foram definidos eixos temáticos essenciais para futuras apresentações. Entre esses, destaca-se a discussão sobre pequenos reatores modulares (SMRs), um tópico que ganha relevância devido ao crescente interesse e acesso global a tecnologias nucleares inovadoras. Outros pilares importantes incluem as soluções tecnológicas de baixo carbono, o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis e o aprimoramento de competências na área energética. Em suma, o presidente da Agência de Energia para a Juventude do Brics enfatizou que as nações do bloco tradicionalmente marcam presença nas Conferências das Partes (COPs) com pavilhões dedicados, e a energia é um dos temas mais recorrentes. Ele expressou a convicção de que a COP30 representará uma excelente oportunidade para aprofundar o conhecimento e expandir a visão sobre uma transição energética que seja justa e inclusiva, particularmente a partir da perspectiva do Sul Global.

A Visão da Juventude sobre Transição Justa

Nesse sentido, Kormishin pontuou que a juventude está genuinamente preocupada com a equidade na transição energética, focando nos aspectos sociais inerentes às mudanças na matriz energética dos países. Essa preocupação é especialmente latente em regiões onde as fontes de energia tradicionais ainda predominam. Ele explicou que essa transição impacta diretamente as famílias e o porvir dos jovens, uma vez que muitos se encontram em fase de formação acadêmica, dependendo financeiramente de seus familiares. Por outro lado, Kormishin observou uma diferença notável na percepção de segurança energética entre a juventude do Brics e a dos países do G7. Enquanto os jovens do G7, e o próprio grupo, tendem a analisar a segurança energética sob o prisma da crise de fornecimento de gás na Europa e dos efeitos do conflito na Ucrânia, a juventude do Brics direciona seu foco para o acesso a investimentos, a criação de oportunidades para jovens empreendedores e a garantia de que a transição energética se materialize por meio de fontes acessíveis em todo o território nacional.

Implicações Sociais e Diálogo Intercultural

Adicionalmente, Kormishin argumentou que a mudança da energia tradicional para fontes renováveis acarreta implicações sociais consideráveis, inclusive perdas econômicas. À medida que a geração de energia convencional é gradualmente desativada dos sistemas energéticos, alguns grupos, como formuladores de políticas públicas e ativistas, tornam-se mais vulneráveis. Dada a diversidade das realidades energéticas nos países do Brics, as prioridades para a segurança energética são debatidas intensivamente pela juventude em um processo contínuo e abrangente. Por conseguinte, Kormishin revelou que foi desenvolvida uma estrutura extremamente inclusiva, fundamentada em pesquisas, com relatórios e perspectivas elaboradas pelos próprios jovens. Isso lhes proporciona uma valiosa chance de refletir, dentro do contexto do Brics, sobre o futuro e sobre o que deve ser priorizado coletivamente, inclusive abordando divergências de forma construtiva. Finalmente, o presidente da agência destacou que, apesar das diferenças entre as realidades energéticas de cada nação, o espaço para o intercâmbio de ideias é assegurado. Jovens e países podem, assim, compartilhar insights, adaptá-los ou transferi-los para contextos distintos, caracterizando um processo dinâmico e estimulante que está sendo impulsionado sob a atual presidência brasileira do bloco.