Edição Brasília

Investimento social no Brasil quase atinge recorde histórico em 2024

Empresas e instituições no Brasil investiram R$ 6,2 bilhões em impacto social em 2024, um aumento de 19,4%, quase atingindo um recorde histórico.
Investimento social corporativo
Foto: 19 18:23:28

O Brasil registrou um volume expressivo de investimento social no último ano, alcançando R$ 6,2 bilhões. Este montante representa um aumento de 19,4% em comparação com o ano anterior, marcando um dos maiores patamares históricos, conforme revelado pela pesquisa Benchmarking do Investimento Social Corporativo (BISC) 2025. O estudo, elaborado pela Comunitas, laboratório de ideias focado na gestão pública brasileira, destaca um cenário promissor para as iniciativas de impacto social no país.

Crescimento Perto do Recorde Histórico

As empresas e instituições brasileiras direcionaram uma quantia substancial para ações de impacto social em 2024. Patrícia Loyola, diretora de investimento social da Comunitas, comentou que este foi, de fato, quase o maior ano da série histórica. Ela ressaltou que, com a exceção de 2020, quando recursos extraordinários foram mobilizados para mitigar os efeitos da pandemia de COVID-19 e os valores alcançaram patamares similares ou ligeiramente superiores, o desempenho atual é notável. Além disso, a pesquisa apontou que o impulsionamento desse crescimento se deu principalmente pelos recursos próprios das organizações. Em 2024, estes somaram R$ 4,79 bilhões, indicando uma elevação significativa de 35%, enquanto os recursos incentivados totalizaram R$ 1,42 bilhão.

O Papel Estratégico do Benchmarking BISC

A intenção da Comunitas ao publicar anualmente o levantamento BISC é oferecer uma visão estratégica aprofundada sobre o Investimento Social Corporativo (ISC) no Brasil. Dessa forma, proporciona parâmetros eficazes para aprimorar o planejamento de empresas, institutos e fundações. Patrícia Loyola enfatizou que dados e evidências são fundamentais para embasar a tomada de decisões. Na 18ª edição da pesquisa, o principal propósito é auxiliar os executivos sociais — ou seja, as equipes sociais de empresas, fundações e institutos corporativos — a avaliarem suas práticas em comparação com outras organizações. Ela explicou que, muitas vezes, a atuação social pode ser isolada, restrita à realidade da empresa ou ao seu território. Nesse sentido, ter uma rede de confiança que fomente a colaboração, pautada pelo aprendizado coletivo e pela troca de experiências em torno de desafios comuns, mostra-se extremamente valioso.

Prioridades Temáticas e Resposta a Emergências Climáticas

Em relação às escolhas dos investidores sociais, educação e cultura permanecem no topo das prioridades. Entretanto, observa-se uma evolução notável na inclusão produtiva. A diretora da Comunitas destacou o crescente reconhecimento da inclusão produtiva, que se alinha com uma educação de qualificação profissional. Essa demanda, por sua vez, endereça uma dor social e de negócios: a escassez de mão de obra qualificada. Portanto, a inteligência social das empresas pode desempenhar um papel crucial na resposta a esse desafio de qualificação. Além disso, as ações urgentes voltadas para as emergências climáticas tornaram-se uma unanimidade entre as empresas em 2024. Loyola reforçou que, embora as ações humanitárias sejam as mais comuns, há um potencial crescente para as empresas focarem em prevenção e adaptação climática. Isso porque o Brasil não está mais apenas no risco, mas vivenciando as emergências, com episódios que se tornarão cada vez mais intensos. A mobilização gerada por esses eventos pode, por conseguinte, servir a iniciativas mais estruturantes e de longo prazo, buscando mitigar os efeitos das mudanças climáticas.

Dinâmica Setorial e Foco em Populações Vulneráveis

No que concerne à distinção setorial, Patrícia Loyola explicou que o setor industrial, em virtude de sua forte ligação com demandas territoriais, adota uma abordagem multicausas. Isso implica em investimentos em infraestrutura, saúde, educação e segurança pública. Por outro lado, o setor de serviços tende a concentrar seus esforços em causas específicas, como a educação. Historicamente, o setor de serviços puxava a curva do investimento para cima. No entanto, durante a pandemia, a indústria alcançou e chegou a superar o setor de serviços em volume de investimento, e hoje ambos estão equiparados. Nos últimos anos, consequentemente, a pulverização do investimento aumentou, impulsionada pelo crescimento da atuação industrial. O levantamento também revelou que os jovens continuam sendo o grupo populacional prioritário para os investimentos sociais. Loyola mencionou o “apagão de talentos” no Brasil, um problema global que se intensifica no contexto de alta vulnerabilidade social e desigualdade. Ademais, a digitalização pode agravar essa lacuna, dificultando que países em desenvolvimento alcancem os patamares de nações desenvolvidas. As empresas, por sua vez, sentem essa realidade e investem no social, ao mesmo tempo em que endereçam essas dores em seus negócios, colocando os jovens em destaque como população-alvo. A diretora ainda observou que o perfil de atuação da rede avança em um modelo financiador, com a sociedade civil brasileira muito ativa. As empresas, ao entenderem que sozinhas não conseguirão resolver a magnitude dos problemas, estão se aliando em co-investimentos e parcerias com suas cadeias de valor e empresas do mesmo setor, seja por causas específicas ou por territórios.

Metodologia e Abrangência da Pesquisa

A 18ª edição do estudo BISC apresenta informações inéditas sobre o cenário do Investimento Social Corporativo no Brasil. Com base em dados de sua rede de apoiadores e fontes públicas, a pesquisa analisou informações de 337 unidades de negócios e 22 institutos e fundações corporativas. Este abrangente levantamento detalha o desenvolvimento dos volumes de investimento, as divisões por fonte de financiamento, os setores econômicos envolvidos e a distribuição dos recursos por temáticas sociais, fornecendo um panorama completo e estratégico para o setor.