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Intérpretes de samba-enredo do Rio são declarados patrimônio imaterial

Os intérpretes de samba-enredo do Rio de Janeiro foram oficialmente declarados patrimônio imaterial do estado, por meio da Lei 10.914/2025, valorizando sua contribuição para a cultura e o carnaval carioca.
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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os renomados intérpretes de samba-enredo do Rio de Janeiro agora desfrutam do status de patrimônio imaterial do estado. A valorização desses artistas, cuja contribuição é fundamental para a cultura e o espetáculo do carnaval carioca, foi oficializada por meio da Lei 10.914/2025. Dessa forma, a legislação reconhece a profunda relevância desses mestres da voz, garantindo a preservação de sua história e de seu legado cultural dentro das festividades do samba.

A saber, a sanção desta lei representa um marco significativo. Ela não apenas enaltece o papel dos intérpretes nas escolas de samba, mas também reafirma a importância de salvaguardar as raízes e as manifestações artísticas que compõem a identidade do carnaval fluminense. Assim sendo, a medida visa proteger e promover um dos pilares mais vibrantes da cultura do Rio de Janeiro, assegurando que futuras gerações possam apreciar e entender a maestria por trás de cada samba entoado.

Vozes Imortais: A Galeria de Lendas do Samba

Ao longo da rica história das escolas de samba do Rio, diversos intérpretes deixaram marcas indeléveis com suas performances. Por exemplo, Jamelão, que faleceu aos 95 anos em junho de 2008, era uma figura lendária da Estação Primeira de Mangueira. Seu canto potente e carismático sempre elevava o astral da arquibancada, tornando-o um ícone inesquecível da verde e rosa. Sua voz, portanto, permanece ressoando na memória dos amantes do carnaval.

Adicionalmente, outro nome de peso que contribuiu imensamente para a glória das escolas foi Neguinho da Beija-Flor. O cantor e compositor, sempre à frente da azul e branco de Nilópolis, na Baixada Fluminense, conduziu a agremiação a inúmeros campeonatos no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Em um momento de transição, no carnaval de 2025, ele anunciou sua despedida da função, sinalizando que não mais ecoaria seu icônico grito de aquecimento: “Olha a Beija-Flor aí gente, chora cavaco”. Essa declaração marcou, portanto, o encerramento de uma era para muitos fãs da escola.

Outros grandes talentos também brilharam intensamente na Passarela do Samba. Entre eles, destacam-se Dominguinhos do Estácio, conhecido por sua interpretação marcante, Paulinho Mocidade e Quinho do Salgueiro, que embalaram o público com suas vozes potentes. Por outro lado, no universo feminino, Dona Ivone Lara, do Império Serrano, merece uma menção especial. Além de ser uma exímia cantora e compositora, ela fez história ao ser a primeira mulher a assinar um samba-enredo na história do carnaval carioca, quebrando barreiras e abrindo caminho para outras artistas. Assim, sua contribuição vai muito além do palco, firmando-se como um símbolo de pioneirismo e talento.

Reconhecimento Governamental e o Legado Cultural

A oficialização dos intérpretes como patrimônio imaterial recebeu o aval do governador Cláudio Castro. Para ele, a sanção da Lei 10.914/2025 apenas formaliza uma percepção que já era amplamente compartilhada: a de que esses artistas são, de fato, um tesouro do carnaval do Rio de Janeiro. Nesse sentido, em uma nota divulgada pelo governo estadual, Castro ressaltou o significado da medida. “É um reconhecimento e uma homenagem mais do que justa aos artistas que contribuem para a nossa cultura e abrilhantam os desfiles das agremiações. Todos merecem os nossos aplausos”, afirmou.

Portanto, essa declaração não é apenas um gesto simbólico, mas uma medida prática para assegurar que a arte e a tradição dos intérpretes de samba-enredo sejam protegidas e promovidas. Em suma, o legado desses profissionais, que dedicam suas vidas a dar voz e emoção aos enredos, será perpetuado. A lei, desse modo, garante que a riqueza cultural e histórica que emana de suas gargantas continue a ecoar pelas avenidas do Rio, inspirando novas gerações e mantendo viva a chama do carnaval carioca como um espetáculo de excelência e identidade nacional.

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