A Baunilha do Cerrado, uma das especiarias mais raras e valiosas do Brasil, está no centro de uma revolução tecnológica e gastronômica em Brasília. O evento Printer Chef Brasília, que ocorreu no Jardim Urbano do Shopping Conjunto Nacional, utilizou esta joia da biodiversidade como ponto de partida para a criação de alimentos bioimpressos, demonstrando a aplicação prática da ciência na culinária de ponta.
A iniciativa conta com o apoio estratégico da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). O objetivo é claro: transformar resultados robustos de pesquisa científica em experiências gastronômicas inovadoras, utilizando tecnologias avançadas como a bioimpressão 3D de alimentos. A abertura do evento reuniu importantes autoridades, reforçando a seriedade do projeto e a valorização da cadeia produtiva local.
Estiveram presentes o presidente da FAPDF, Leonardo Reisman, o secretário de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural do DF, Rafael Bueno, e o presidente da Emater-DF, Cleison Duval. As lideranças destacaram a importância vital da ciência aplicada, da preservação da biodiversidade e, crucialmente, da conexão eficiente entre a pesquisa acadêmica, a produção rural e a inovação tecnológica.
Da Pesquisa ao Food-Ink: A Baunilha do Cerrado e a Bioimpressão
O foco central do Printer Chef Brasília reside na baunilha nativa do Cerrado. Pesquisadores estudaram detalhadamente suas diferentes espécies, propriedades aromáticas complexas e as diversas possibilidades de uso. É a partir desse conhecimento científico aprofundado que o ingrediente é processado e transformado em food-inks vegetais, preparações desenvolvidas especificamente para serem utilizadas na impressão 3D de alimentos. Com essas bases científicas sólidas, chefs e competidores puderam criar pratos bioimpressos de alta complexidade ao longo da programação.
A baunilha nativa pertence ao gênero Vanilla, um grupo de orquídeas que apresenta características organolépticas únicas. Espécies como a Vanilla edwalli, popularmente conhecida como “baunilha-banana”, e a Vanilla chamissonis, oferecem aromas incrivelmente complexos, que combinam notas adocicadas, florais e toques amadeirados. Além de seu uso sofisticado na gastronomia, a planta possui aplicações promissoras na conservação de alimentos, na perfumaria e, historicamente, na medicina popular.
A raridade e o difícil manejo da planta reforçam a importância do projeto. Segundo produtores e pesquisadores locais, a Baunilha do Cerrado é encontrada principalmente em áreas preservadas e seu ciclo de frutificação pode levar até cinco anos. Essas características sublinham a necessidade urgente de iniciativas que promovam o uso sustentável da biodiversidade brasileira e ampliem o conhecimento sobre as espécies nativas que compõem nosso bioma.
Brasília: Polo de Inovação e Gastronomia 3D
Para Leonardo Reisman, presidente da FAPDF, o Printer Chef Brasília serve como um exemplo prático do papel estratégico que a ciência desempenha no desenvolvimento econômico e social do Distrito Federal. “Brasília é reconhecida como o terceiro polo gastronômico do Brasil. O DF tem se consolidado como um centro de excelência em diversas cadeias produtivas do agro, desde o vinho e o mirtilo, até a própria baunilha. E hoje, demonstramos essa excelência na mesa desta competição”, afirmou Reisman. Ele enfatizou que o evento é a aplicação da pesquisa da baunilha, utilizando tecnologia de ponta na vanguarda da bioimpressão de alimentos.
O secretário Rafael Bueno, da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, destacou o imenso potencial da Baunilha do Cerrado para impulsionar a bioeconomia e fortalecer as cadeias produtivas regionais. Complementando essa visão, Cleison Duval, presidente da Emater-DF, ressaltou o papel essencial da assistência técnica e da extensão rural, garantindo que o conhecimento científico gerado nos laboratórios seja aplicado de forma prática e eficaz no campo.
Os competidores do Printer Chef receberam mentoria especializada do chef Gilmar Borges, renomado nacionalmente por seu trabalho com ingredientes regionais e pela valorização dos saberes tradicionais. Sua participação reforça a integração harmoniosa entre a inovação tecnológica radical e a rica identidade cultural brasileira.
Além da competição central, o evento ofereceu workshops de gastronomia molecular e impressão de alimentos, democratizando o acesso do público ao conhecimento científico e às novas tecnologias aplicadas à alimentação. Ao unir ciência, gastronomia de elite e a riqueza da biodiversidade, o Printer Chef Brasília consolida o Distrito Federal como um polo dinâmico de pesquisa aplicada e inovação no cenário nacional.



