A indústria brasileira registrou um crescimento notável no faturamento e no emprego durante os sete primeiros meses de 2025, conforme revelam os dados divulgados nesta terça-feira (9) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O faturamento do setor experimentou uma elevação de 5,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior, sinalizando uma performance robusta. Paralelamente, o mercado de trabalho industrial também demonstrou vigor, com um aumento de 2,3% nas vagas ocupadas neste mesmo intervalo.
Desempenho Financeiro da Indústria Brasileira
No acumulado de janeiro a julho de 2025, o faturamento da indústria nacional apresentou uma expansão de 5,1%, quando confrontado com o desempenho obtido nos mesmos meses de 2024. Este indicador reflete um período de recuperação ou estabilidade para as empresas do setor. Entretanto, ao analisar o cenário mensal isoladamente, julho de 2025 exibiu dinâmicas distintas. Em relação a junho do mesmo ano, houve um leve aumento de 0,4% no faturamento.
Por outro lado, a comparação de julho de 2025 com julho de 2024 revela uma contração de 1,3%. Esta flutuação sugere que, embora o balanço acumulado do ano seja positivo, o ritmo de crescimento pode ter enfrentado desaceleração em alguns pontos específicos. Portanto, a análise detalhada dos indicadores mensais é crucial para compreender as nuances da trajetória econômica do setor industrial.
Crescimento do Emprego e Mercado de Trabalho Aquecido
Adicionalmente ao faturamento, o emprego industrial também demonstrou uma trajetória ascendente. Nos primeiros sete meses de 2025, o número de postos de trabalho aumentou 2,3% em relação ao período homólogo de 2024. Este dado reforça a percepção de um mercado de trabalho aquecido no setor.
Mais especificamente, em julho, o indicador de emprego registrou uma elevação de 0,2% na comparação com junho. Em contrapartida, frente a julho de 2024, a alta foi de 2,3%, alinhando-se ao crescimento acumulado e evidenciando a continuidade da criação de vagas. Dessa forma, a indústria não apenas expandiu sua receita, mas também contribuiu significativamente para a geração de empregos no país.
Análise da Especialista da CNI
A especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, comentou sobre este cenário. Segundo ela, o mercado de trabalho está “bastante aquecido, com crescimento da ocupação e um ambiente de taxas de desemprego batendo mínimas históricas”. Consequentemente, essa dinâmica tem gerado uma pressão perceptível sobre os rendimentos do trabalhador. Ela ressalta que este fenômeno não é exclusivo da indústria, mas sim uma característica que se observa “na economia como um todo”. Portanto, o aumento do emprego e a consequente pressão salarial são reflexos de uma macroeconomia em movimento.
Recuo na Utilização da Capacidade Instalada (UCI)
Apesar dos números positivos de faturamento e emprego, a utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria brasileira apresentou um comportamento divergente. Em julho, o indicador registrou um novo recuo, consolidando uma trajetória descendente que se iniciou em abril de 2024, quando a UCI atingiu o patamar de 79,7%.
Em seguida, em julho de 2025, o nível de utilização caiu para 78,2%, o que representa uma redução de 1,6 ponto percentual em comparação com o mesmo mês de 2024. Este declínio sugere que, apesar da expansão do faturamento e do emprego, a indústria não está utilizando todo o seu potencial produtivo. Assim, este dado serve como um alerta para a necessidade de atenção às condições de produção e demanda.
Fatores que Influenciam a Queda da UCI
A Confederação Nacional da Indústria aponta que o movimento de queda na UCI é principalmente impulsionado pela manutenção de uma política monetária restritiva no país. Ou seja, as taxas de juros elevadas, implementadas para conter a inflação, acabam por restringir o acesso ao crédito e, por conseguinte, a demanda por bens e serviços. Dessa forma, a CNI explica que este cenário “reflete diretamente no ritmo da atividade industrial”, limitando o uso pleno das instalações fabris. Portanto, a política econômica atual tem um impacto direto na capacidade produtiva das empresas do setor, criando um ambiente de cautela para novos investimentos e expansões.