Representatividade indígena chega com força à COP30
Durante o Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília, o governo federal e organizações indígenas anunciaram a criação da Comissão Internacional Indígena para a COP30. A iniciativa visa garantir a presença ativa dos povos originários nas negociações climáticas que ocorrerão em novembro, em Belém (PA).
A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, irá presidir a comissão, que reunirá diversas entidades representativas. Entre elas estão a Apib, Coiab, Anmiga, G9 da Amazônia, GATC, o Fórum Permanente da ONU sobre Assuntos Indígenas e o Caucus Indígena.
Guajajara destacou que os territórios indígenas funcionam como barreiras contra a devastação ambiental. Por isso, segundo ela, “os povos originários devem ocupar um lugar central nas decisões sobre o futuro do planeta”.
Conexão direta com a presidência da COP
Além da criação da comissão, os povos indígenas farão parte do Círculo dos Povos, uma das principais inovações da presidência brasileira na COP30. Esse grupo garantirá que representantes da sociedade civil dialoguem diretamente com os líderes das negociações.
Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima, explicou que a proposta amplia o alcance democrático da conferência. “O Círculo dos Povos cria uma ponte entre os negociadores e quem vive na linha de frente da crise climática. Isso é fundamental”, afirmou.
Enquanto isso, outros três círculos de influência também atuarão paralelamente: um liderado pelo presidente Lula e António Guterres; outro com ministros de finanças; e um terceiro com ex-presidentes das COPs anteriores.
Documento indígena apresenta metas concretas
Durante o evento, as lideranças indígenas lançaram sua própria NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), com propostas específicas de combate às mudanças climáticas. O documento reúne metas divididas em seis eixos centrais.
As principais reivindicações incluem a demarcação dos territórios, o financiamento para projetos sustentáveis, a adaptação às mudanças do clima e a transferência de tecnologias para as comunidades.
De acordo com Kléber Karipuna, da Apib, mais de 3 mil indígenas devem estar presentes em Belém durante a COP30. Ele reforçou que a proteção da biodiversidade depende do reconhecimento legal das terras indígenas.
Marcha termina com conflito isolado
Ao fim da tarde, cerca de 5 mil indígenas seguiram em marcha até a Esplanada dos Ministérios. A mobilização, no entanto, foi interrompida por um conflito com a polícia legislativa, que utilizou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral.
A Câmara informou que o acordo com os organizadores previa que a marcha parasse antes do gramado do Congresso. Mesmo assim, alguns manifestantes avançaram. O tumulto durou poucos minutos, e a situação foi contornada com rapidez.
Por fim, a Apib declarou que o incidente foi pontual e que a maioria dos participantes retornou em segurança ao acampamento.