A nação em breve conhecerá os dados sobre a taxa de desocupação para o trimestre encerrado em junho. Estas informações, coletadas por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), trarão uma significativa inovação: a reponderação do universo da pesquisa, fundamentada nos resultados do Censo 2022. Consequentemente, esta revisão implicará em ajustes nos dados históricos já divulgados.
Entendendo a Reponderação dos Dados
Esta atualização metodológica significa que o perfil demográfico identificado pelos recenseadores será incorporado na amostra representativa de domicílios visitados pelos pesquisadores do IBGE. Portanto, as taxas de desemprego divulgadas nos últimos meses podem sofrer modificações. É crucial recordar que a série histórica da Pnad Contínua teve início em 2012. De acordo com o IBGE, a reponderação da Pnad Contínua em 2025 leva em consideração os totais populacionais das projeções divulgadas em 2024, que, por sua vez, incorporam os resultados do Censo mais recente, realizado em 2022. Como resultado direto desse processo, a série histórica de todos os indicadores será devidamente atualizada.
Por exemplo, se o Censo revela que há uma proporção maior de mulheres em relação aos homens na população, essa mesma dimensão demográfica será replicada na amostra da Pnad. Convém lembrar que o censo anterior ao de 2022 foi conduzido em 2010. Ademais, com base nas informações do censo mais recente, o IBGE agora estima que a população brasileira em 2024 era de 212,6 milhões de habitantes. Anteriormente, contudo, a Pnad projetava esse contingente em mais de 216 milhões. Essa discrepância, portanto, tornou a reponderação uma medida necessária.
O Retrato do Mercado de Trabalho pela Pnad
Trimestralmente, pesquisadores do IBGE visitam 211 mil domicílios, abrangendo 3,5 mil municípios em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. A Pnad se estabelece como a principal pesquisa sobre o mercado de trabalho no país. Segundo os critérios do IBGE, uma pessoa é considerada desocupada apenas se estiver efetivamente procurando emprego. A análise do nível de ocupação é elaborada a partir de dados coletados de indivíduos com 14 anos ou mais de idade, e considera todas as modalidades de trabalho, incluindo emprego formal (com carteira assinada), informal, temporário e por conta própria, entre outros.
Essa metodologia difere fundamentalmente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que é elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O Caged, em contrapartida, fornece dados exclusivamente relacionados a trabalhadores com carteira de trabalho assinada.
A Rotina de Atualização do IBGE
A razão primordial para essa modificação reside em um dos principais objetivos dos censos demográficos do IBGE: atualizar os parâmetros populacionais para as pesquisas domiciliares por amostra, como a Pnad Contínua. Dessa forma, a atualização das pesquisas amostrais após a realização dos censos demográficos decenais é um procedimento padrão para o instituto. Consequentemente, com a reponderação atual, toda a série histórica da Pnad Contínua será integralmente atualizada.
Isso é, ademais, um processo comum, que geralmente ocorre após os censos demográficos ou em ocasiões excepcionais. Por exemplo, a pandemia de COVID-19 exigiu que o instituto utilizasse a coleta de dados por telefone durante certo período, o que também demandou uma reponderação. Além disso, institutos oficiais em outros países igualmente adotam essa prática, atualizando suas pesquisas amostrais após a conclusão de seus respectivos censos demográficos.
Em relação às alterações na série histórica, o IBGE aponta que reponderações anteriores, tanto da antiga Pnad quanto da Pnad Contínua, não resultaram em mudanças significativas nos indicadores. Embora tenham ocorrido pequenas variações nos números absolutos da população, estas não provocaram alterações substanciais nos indicadores proporcionais. Em termos práticos, a maioria dos percentuais apresentou modificações apenas na segunda ou terceira casa decimal.
Panorama dos Últimos Dados de Emprego
Os dados mais recentes sobre o emprego, divulgados pela Pnad em 27 de junho, revelaram que o Brasil alcançou uma taxa de desocupação de 6,2% no trimestre encerrado em maio. Este percentual representa a menor taxa para o período desde o início da série histórica em 2012. Considerando qualquer período dentro da série, a taxa mais baixa registrada foi de 6,1%, atingida em novembro de 2024. Inversamente, a maior taxa já observada foi de 14,9%. Este pico ocorreu em dois momentos distintos: nos trimestres móveis encerrados em setembro de 2020 e em março de 2021, ambos em meio aos impactos da pandemia de COVID-19.
Os Resultados Cruciais do Censo 2022
O Censo 2022, reconhecido como o mais abrangente e complexo levantamento da população brasileira, forneceu informações vitais que fundamentam o atual processo de reponderação. Entre suas principais descobertas, o censo revelou uma população total de 203.080.756 pessoas. Com base nesse dado, o IBGE projeta que a população brasileira em 2024 seria de 212,6 milhões de habitantes. Ademais, o censo detalhou a distribuição por gênero, indicando que as mulheres constituem 51,5% da população, enquanto os homens representam 48,5%. Ele também destacou uma significativa predominância urbana, com 87,4% da população residindo em áreas urbanas, em contraste com 12,6% em áreas rurais. Em relação à composição racial, os dados mostraram que pardos correspondem a 45,3%, brancos a 43,5%, pretos a 10,2%, indígenas a 0,6%, e amarelos a 0,4%.