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IA detecta Alzheimer por imagens de retina em Hong Kong

IA em Hong Kong detecta Alzheimer precocemente por imagens de retina. Sistema desenvolvido com precisão de até 92%, identificando alterações vasculares e nervosas anos antes dos sintomas, abrindo caminho para intervenções eficazes.
IA detecta Alzheimer retina
Foto: Imagem criada pelo chatgpt para ilustrar matéria

Um avanço significativo na detecção precoce do Alzheimer foi anunciado por um centro de saúde de Hong Kong. Pesquisadores desenvolveram um sistema de inteligência artificial (IA) capaz de prever o risco da doença através da análise de imagens da retina, um método não invasivo e promissor para intervenções eficazes.

IA revoluciona detecção precoce do Alzheimer em Hong Kong

O Humansa Medical Center, especializado em longevidade, em parceria com a i-Cognitio Sciences – empresa de tecnologia oftalmológica da Universidade Chinesa de Hong Kong (CUHK) – criou um sistema que analisa imagens do fundo do olho. A tecnologia identifica alterações precoces nos vasos sanguíneos e nervos da retina, indicadores potenciais do Alzheimer, anos antes do surgimento dos sintomas clínicos. Essa detecção antecipada é fundamental, pois permite intervenções que podem retardar ou até mesmo evitar o desenvolvimento da doença.

A inteligência artificial da i-Cognitio foi treinada com um extenso banco de dados, composto por quase 13 mil imagens de fundo de olho de 648 pacientes diagnosticados com Alzheimer e mais de 3 mil indivíduos com cognição normal. Um estudo publicado em 2022 na revista Lancet Digital Health comprovou a eficácia do sistema, mostrando precisão entre 80% e 92% em populações multiétnicas de vários países. Este resultado ressalta a robustez e a aplicabilidade global da tecnologia.

A urgência da detecção precoce do Alzheimer na Ásia-Pacífico

A demência representa um desafio crescente na região Ásia-Pacífico, afetando cerca de um terço das pessoas com mais de 85 anos. Em Hong Kong, a situação é particularmente preocupante, com 10% da população acima de 70 anos sofrendo de demência, sendo o Alzheimer responsável por mais da metade dos casos. Além disso, estudos demonstram que até 45% dos casos de demência poderiam ser evitados ou retardados por meio de intervenções precoces, tornando a detecção precoce uma prioridade de saúde pública.

Entretanto, os métodos tradicionais de diagnóstico apresentam limitações. Testes cognitivos e imagens cerebrais têm precisão limitada, enquanto técnicas mais avançadas, como o PET amiloide e a análise do líquido cefalorraquidiano, são invasivas e de difícil acesso para a maioria da população. Portanto, a nova tecnologia de Hong Kong surge como uma solução inovadora e acessível.

Uma solução simples e acessível para a detecção precoce

O modelo de aprendizagem profunda desenvolvido pela equipe utiliza uma abordagem simples, de baixo custo e pouco trabalhosa. Essa característica é crucial para a sua implementação em ambientes comunitários, permitindo o rastreio em larga escala e o diagnóstico precoce de potenciais pacientes. Em outras palavras, a tecnologia oferece precisão e sensibilidade comparáveis a métodos mais complexos e invasivos, mas com maior acessibilidade.

Segundo Vincent Mok, diretor e fundador da i-Cognitio, a retina funciona como uma “janela para o cérebro”. “Por meio da fotografia do fundo do olho não invasiva, é possível identificar alterações nos vasos sanguíneos da retina e nos nervos ligados à doença de Alzheimer”, explicou Mok. Ele enfatizou que essas alterações podem aparecer de 10 a 15 anos antes do aparecimento dos sintomas clínicos, oferecendo uma janela crucial para a intervenção precoce e o manejo da doença.

Conclusão: Um futuro mais promissor para o combate ao Alzheimer

Em conclusão, o sistema de IA desenvolvido em Hong Kong representa um avanço significativo no combate ao Alzheimer. Sua capacidade de detectar precocemente a doença, por meio de um método não invasivo e acessível, abre caminho para intervenções que podem melhorar significativamente a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo. A tecnologia demonstra o potencial transformador da IA na área da saúde, especialmente no diagnóstico e tratamento de doenças neurodegenerativas. A pesquisa continua a progredir, e novas aplicações desta tecnologia prometem revolucionar o cuidado com a saúde do cérebro no futuro.