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Humanização e Gameterapia Transformam Cuidado na Psiquiatria do Hospital de Base

A humanização na psiquiatria do Hospital de Base (HBDF) ganha força com ações de Natal e gameterapia. Voluntários e profissionais fortalecem vínculos e promovem bem-estar.
Humanização e Gameterapia Transformam Cuidado na Psiquiatria do Hospital de Base

O Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), unidade gerida pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), reforçou seu compromisso com a humanização do cuidado, especialmente na ala de psiquiatria. Durante o período natalino, o tradicional espírito de acolhimento se materializou em uma série de ações concretas que trouxeram leveza e proximidade aos 36 pacientes atualmente atendidos na unidade.

O Serviço Auxiliar de Voluntários (SAV), em parceria com a equipe do Hospital de Base, liderou diversas iniciativas que proporcionaram momentos de convivência, música e entrega de lembranças. Essas atividades são cruciais, visto que muitos pacientes enfrentam longos períodos de internação, muitas vezes com a ausência de visitas familiares.

Uma das atividades mais marcantes ocorreu na tarde de segunda-feira (22), reunindo pacientes, voluntários e profissionais da saúde em uma grande confraternização. O evento contou com apresentações musicais, distribuição de presentes e a presença festiva do Papai Noel, criando um espaço de acolhimento vital para a saúde mental.

Vandelícia Rodrigues, presidente do SAV, enfatiza que o cuidado na psiquiatria exige sensibilidade e atenção contínuas. “A psiquiatria precisa desse olhar mais atento. Muitos pacientes ficam internados por bastante tempo e nem sempre recebem visitas. Por isso, desenvolvemos atividades como a confecção de decorações e a escrita de cartinhas para o Papai Noel, sempre respeitando sonhos e desejos possíveis”, explica Vandelícia. Ela destaca que este é um trabalho construído em parceria entre voluntários, equipe médica e assistencial, onde cada detalhe é preparado com carinho.

A participação da equipe interna foi fundamental. Médicos, enfermeiros e colaboradores do setor administrativo se engajaram ativamente. A enfermeira Jaciane Lopes, que auxiliou na organização, ressalta o impacto direto no bem-estar emocional dos pacientes. “Muitos estão aqui por questões sociais e sentem ainda mais o peso dessa época do ano. Essas ações fortalecem vínculos, promovem conexão e ajudam a resgatar o verdadeiro significado do Natal, mesmo longe da família”, afirma Jaciane.

O reconhecimento da excelência do tratamento vem também dos acompanhantes. Patrícia Martins, mãe de uma paciente internada, expressou sua gratidão. “Aqui é um hospital de referência, de excelência. Vim de São Paulo para que ela fosse atendida aqui e só tenho a agradecer. A equipe é muito responsável e humana. Ver minha filha melhorando e participando de momentos como esse faz toda a diferença”, comenta.

Inovação no Tratamento: A Força da Gameterapia

Além das celebrações natalinas, o HBDF tem investido em estratégias inovadoras para a reabilitação. No dia 15 de dezembro, o refeitório da ala de psiquiatria se transformou em um palco de competição com um campeonato de videogame que reuniu pacientes e colaboradores. Os participantes puderam escolher entre jogos de futebol, luta, corrida ou tiro, competindo em partidas amistosas contra os profissionais de saúde.

Esta abordagem, conhecida como “gameterapia”, já é uma estratégia adotada pela equipe. O terapeuta ocupacional Raphael Thabo explica que a proposta surgiu dos próprios interesses manifestados pelos pacientes, e seu principal objetivo é promover uma quebra na rotina hospitalar. “Essas atividades ajudam na reabilitação cognitiva e motora. É mais fácil engajar o paciente quando a proposta faz sentido para ele e desperta interesse, do que impor uma atividade que ele considere cansativa”, ressalta Thabo.

O videogame, além de estimular a interação social, acessa memórias afetivas associadas a brincadeiras da infância. A atividade provou ser inclusiva, atraindo não apenas os mais jovens, mas também pacientes mais velhos, que se mostraram curiosos e participativos. “É uma ação que integra a terapia ao tratamento realizado aqui”, acrescenta o terapeuta.

O técnico de enfermagem Edilson Suaris participou ativamente, jogando uma partida de luta contra um paciente. Para ele, a iniciativa tem um impacto direto no relacionamento com os pacientes. “Só de sair da rotina já ajuda bastante e traz muita interatividade. Algumas pessoas se sentem mais à vontade para conversar durante o jogo, o que fortalece o vínculo e contribui para o tratamento”, comenta Suaris. Ao final do campeonato, o placar foi apertado: 10 pontos para os pacientes contra 9 da equipe de saúde, demonstrando o sucesso da interação e do divertimento proporcionado.

Tanto as ações natalinas quanto a gameterapia contribuem significativamente para o fortalecimento de vínculos, a redução da ansiedade e a humanização do cuidado, aproximando profissionais e pacientes em um ambiente mais empático e acolhedor, fundamental para a recuperação na saúde mental.