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HCB Reforça Urgência no Tratamento de Febre em Crianças com Câncer (Neutropenia Febril)

Crianças em tratamento oncológico precisam de atendimento imediato ao apresentar febre. Saiba como o HCB utiliza o protocolo da Hora Dourada e o "cartão vermelho" para garantir agilidade e salvar vidas.
HCB Reforça Urgência no Tratamento de Febre em Crianças com Câncer (Neutropenia Febril)

O tratamento oncológico é, indiscutivelmente, a chave para o sucesso no combate ao câncer infantil. No entanto, essa jornada vital impõe um desafio significativo: a imunossupressão. A quimioterapia, enquanto destrói células cancerosas, também compromete o sistema imunológico das crianças, tornando-as extremamente vulneráveis a infecções. Por essa razão, a detecção e o tratamento de um simples quadro febril em um paciente oncológico exigem uma velocidade de resposta crítica. O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB) estabeleceu um protocolo rigoroso: quando a criança apresenta febre, o atendimento hospitalar deve ser iniciado em, no máximo, uma hora. Este período é conhecido como a “Hora Dourada”.

Para garantir que pais e responsáveis compreendam a gravidade e a urgência dessa janela de 60 minutos, o HCB promove anualmente a campanha “Hora Dourada”. Esta iniciativa foca na conscientização e na educação prática, utilizando métodos lúdicos para fixar a informação crucial. Durante as ações da campanha, os participantes recebem termômetros e calendários específicos para o registro diário da temperatura, incentivando o monitoramento contínuo e preciso dos pacientes em casa.

Conscientização Lúdica e o Protocolo de Neutropenia Febril

A educação sobre a urgência do atendimento é reforçada através da arte. Profissionais do HCB escreveram e encenaram uma peça de teatro que ilustra de forma clara a importância da agilidade. Na narrativa, um menino que busca atendimento imediatamente após o início da febre garante o tratamento adequado, permitindo seu rápido retorno a atividades normais e prazerosas, como brincar com seu cachorro e jogar futebol. Essa abordagem humaniza o protocolo e mostra aos pais o resultado positivo da ação imediata.

A relevância dessa agilidade é profundamente reconhecida por quem vive a rotina do tratamento. Shalma Araújo, mãe de Manuela Araújo, de 8 anos, testemunha a importância da campanha. Embora sua filha tenha tido poucas infecções, Shalma nunca hesitou em seguir as orientações da equipe. “Todas as vezes que eu senti que ela estava febril ou que ia dar febre, já trouxe correndo para o hospital. Eu sabia que podia ser uma pneumonia silenciosa ou um agravamento posterior”, explica a mãe, destacando que a rapidez é a principal defesa contra complicações graves.

O HCB mantém seu protocolo de Neutropenia febril crianças constantemente atualizado. A neutropenia febril é uma condição médica de alto risco que ocorre quando a febre se manifesta em um paciente com baixa contagem de neutrófilos (células de defesa). O protocolo orienta toda a equipe de onco-hematologia, garantindo que a estrutura hospitalar esteja preparada para iniciar o atendimento dentro da primeira hora, conforme a diretriz internacional. A agilidade é fundamental, pois infecções podem evoluir rapidamente para sepse em pacientes imunossuprimidos, tornando o tempo um fator decisivo entre a recuperação e o risco de vida.

O Cartão Vermelho: Acesso Imediato à Assistência Especializada

Um dos mecanismos mais importantes para assegurar essa agilidade é o uso do “cartão vermelho”. Como o Hospital da Criança de Brasília não opera um serviço de emergência geral, o cartão vermelho funciona como uma metodologia de sinalização de condições de risco, controlando o acesso à assistência especializada em saúde.

Este sistema garante que pacientes em uso de quimioterapia que apresentem febre em casa possam comparecer diretamente ao HCB — a qualquer dia ou horário — e dar início imediato ao protocolo de neutropenia febril, sem passar por triagens demoradas. Ao perceber febre em casa, a criança deve ser levada ao HCB com o cartão vermelho para acionar o protocolo. O cartão vermelho é, portanto, um passaporte para a vida, garantindo que a janela crítica da Hora Dourada não seja perdida e que as crianças recebam o tratamento antibiótico necessário antes que a infecção se torne potencialmente fatal.