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Haiti: 1,3 milhão de deslocados em meio à crise de gangues

**Haiti: 1,3 milhão de deslocados por violência de gangues** Número recorde de deslocados internos no Haiti, segundo a ONU, devido à escalada da violência de grupos criminosos, principalmente em Porto Príncipe, que já afeta todo o país, forçando deslocamentos e causando uma grave crise humanitária.
Deslocados Haiti crise humanitária
Foto: REUTERS/Ralph Tedy Erol

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um alerta alarmante na quarta-feira, 11 de julho: o número de deslocados internos no Haiti atingiu a marca de 1,3 milhão de pessoas. Este recorde dramático é consequência direta da escalada da violência perpetrada por grupos criminosos, principalmente em Porto Príncipe, mas com ramificações que afetam todo o território nacional, desencadeando uma grave crise humanitária.

Crise de Deslocamento Interno no Haiti

Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da ONU sediada em Genebra, houve um aumento significativo de 24% no número de deslocados desde dezembro de 2024. Esse crescimento representa o maior número já registrado na história do Haiti, pintando um quadro sombrio da situação.

Embora Porto Príncipe continue sendo o epicentro da crise, a violência das gangues transcende os limites da capital. Ataques recentes em bairros centrais da cidade forçaram a fuga de dezenas de milhares de habitantes, deixando muitos em condições de vida precárias, sem acesso a recursos básicos.

Aproximadamente um quarto dos deslocados ainda permanece na capital. Entretanto, um número cada vez maior busca refúgio em outras regiões do país, na esperança de encontrar segurança e estabilidade. No norte do Haiti, por exemplo, a OIM registrou um aumento de quase 80% no número de pessoas forçadas a abandonar seus lares.

Agravamento da Situação e Implicações Humanitárias

A situação se torna ainda mais preocupante considerando o início da temporada de furacões. No início do mês, o Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas alertou sobre a incapacidade de resposta a eventuais desastres naturais no país, dada a fragilidade da população e a precariedade da infraestrutura.

Além disso, mais de 5,7 milhões de haitianos enfrentam insegurança alimentar aguda, de acordo com o último relatório do PAM. Essa combinação de violência generalizada, deslocamento massivo e vulnerabilidade a desastres naturais configura um cenário catastrófico para a população.

Tentativas de Enfrentamento e a Falta de Recursos

O plano de ajuda humanitária para 2025, orçado em mais de US$ 900 milhões, enfrenta um desafio crítico: apenas 8% do financiamento necessário foi obtido até o dia 3 de junho, conforme lamentou a diretora regional do PAM, Lola Castro, após uma visita ao país. Essa falta de recursos compromete severamente a capacidade de resposta a essa emergência humanitária.

Em meio a esse cenário desesperador, o governo haitiano anunciou, na terça-feira (10 de julho), o congelamento das contas bancárias de líderes de grupos criminosos, incluindo Jimmy Cherisier, conhecido como “Barbecue”, e o ex-deputado Prophane Victor. Ambos são alvo de sanções da ONU por envolvimento em lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e tráfico de armas.

De acordo com o Procurador do Haiti, Frantz Monclair, em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça executou o congelamento com base em uma resolução das Nações Unidas. Essa medida, embora significativa, representa apenas um pequeno passo em direção à resolução de uma crise complexa e profundamente arraigada.

Conclusão

A crise no Haiti exige uma resposta internacional urgente e coordenada. A combinação de violência generalizada, deslocamento em massa e insegurança alimentar coloca milhões de vidas em risco. Além das sanções e congelamentos de contas, ações mais efetivas são necessárias para combater as gangues, fornecer assistência humanitária adequada e promover a estabilidade política no país. A comunidade internacional precisa se unir para evitar uma catástrofe humanitária de proporções ainda maiores.