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Governo pede crédito extra ao STF para ressarcir aposentados do INSS

Governo busca crédito extra no STF para ressarcir 4 milhões de aposentados do INSS lesados por descontos ilegais, que somam cerca de R$ 6,3 bilhões. AGU pede suspensão da prescrição e ações judiciais para viabilizar os pagamentos.
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Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Governo solicita crédito extraordinário ao STF para ressarcir aposentados do INSS

A Advocacia-Geral da União (AGU) ingressou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (12) para a liberação de um crédito extraordinário no orçamento federal. O objetivo é viabilizar o ressarcimento de aproximadamente 4 milhões de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) prejudicados por descontos ilegais em seus benefícios. A cifra total a ser devolvida estima-se em cerca de R$ 6,3 bilhões.

Além da liberação do crédito, a AGU solicita ao STF que esses valores sejam considerados fora do teto de gastos da União para os anos de 2025 e 2026. Essa medida é crucial para garantir a efetiva restituição aos beneficiários afetados.

Medidas para garantir o ressarcimento

Para assegurar o pagamento aos aposentados e pensionistas, a AGU propôs ao Supremo a suspensão da prescrição dos pedidos de ressarcimento. Segundo o órgão, essa suspensão visa proteger os direitos dos segurados, permitindo que os pagamentos sejam realizados administrativamente, sem a necessidade de ações judiciais individuais. Em outras palavras, a AGU busca simplificar o processo e evitar a sobrecarga do sistema judicial.

Concomitantemente, o governo federal requisitou a suspensão de todas as ações judiciais em curso que tratam do mesmo tema. Essa medida preventiva tem como objetivo evitar a formação de uma litigância massiva contra a União, otimizando a gestão do processo de ressarcimento.

De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cerca de 4 milhões de ações relacionadas a esses descontos ilegais estão atualmente em tramitação no país. A suspensão dessas ações, portanto, representa um esforço significativo para agilizar a resolução do problema.

Investigações e bloqueios de ativos

Recuperação de valores desviados

Paralelamente ao pedido de crédito extraordinário, o governo tem empreendido ações para recuperar os recursos desviados. A Justiça Federal, por exemplo, já determinou o bloqueio de R$ 119 milhões em bens de empresas e indivíduos envolvidos nas fraudes. No mês anterior, a AGU havia solicitado o bloqueio de outros R$ 2,5 bilhões de 12 entidades associativas e 60 dirigentes, demonstrando a determinação do governo em combater este esquema fraudulento.

As investigações são conduzidas pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura um esquema nacional de descontos de mensalidades associativas não autorizadas. As estimativas apontam para um prejuízo total de aproximadamente R$ 6,3 bilhões para os aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024.

As ações judiciais em andamento fazem parte das estratégias do grupo especial criado pela AGU para recuperar os valores desviados. Este grupo trabalha incessantemente para garantir que os recursos sejam restituídos aos seus legítimos donos.

Contexto político e repercussão

A gravidade do caso levou a declarações públicas. O ministro Wolney, por exemplo, já se manifestou sobre a abrangência dos descontos ilegais, enquanto o presidente Lula se pronunciou sobre o afrouxamento das regras no governo anterior como um fator contribuinte para as fraudes. Esses comentários reforçam a importância da ação governamental para resolver a situação e evitar novas ocorrências.

Em conclusão, a solicitação de crédito extraordinário ao STF representa um passo crucial para o ressarcimento dos aposentados e pensionistas lesados. As medidas complementares, como a suspensão da prescrição e das ações judiciais, demonstram a estratégia abrangente do governo para lidar com essa grave situação e garantir a justiça para aqueles que foram prejudicados.