O governo brasileiro está avaliando a construção de uma nova usina hidrelétrica binacional em colaboração com a Bolívia, utilizando o potencial do Rio Madeira. A iniciativa, que representa um passo estratégico para a expansão da matriz energética nacional, foi anunciada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, nesta sexta-feira (22).
Esta proposta sinaliza uma retomada vigorosa das obras de geração de energia elétrica a partir de fontes hídricas no país. Para tanto, o Brasil tem intensificado os esforços, promovendo leilões bem-sucedidos para a contratação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), um componente crucial na estratégia energética atual. Além disso, a ideia de uma segunda usina binacional surge como um projeto de grande envergadura, visando otimizar os recursos hídricos compartilhados e fortalecer a cooperação regional.
Retomada da Indústria Hidrelétrica e Planos Futuros
A declaração do ministro Silveira foi feita durante um evento que celebrou os resultados positivos do recente leilão de contratação de energia gerada por PCHs. Ele destacou o momento como um marco significativo. “Hoje, celebramos a retomada da indústria hidrelétrica no Brasil, um marco histórico do governo Lula”, afirmou o ministro. Ele também ressaltou que o sucesso do leilão das PCHs, que contemplou empreendimentos de até 50 megawatts, constitui um passo fundamental na direção de uma transição energética mais justa e inclusiva para o país.
De fato, o Ministério de Minas e Energia tem delineado diversos planos ambiciosos para revitalizar o setor hidrelétrico. A busca por parcerias internacionais, como a proposta com a Bolívia, exemplifica a visão de longo prazo do governo para garantir a segurança energética do Brasil. Ademais, a expansão da capacidade instalada por meio de hidrelétricas é vista como uma forma eficaz de diversificar a oferta e reduzir a dependência de fontes mais voláteis ou poluentes, promovendo, assim, maior estabilidade ao sistema.
Proposta de Usina Binacional no Rio Madeira
A ideia de uma nova hidrelétrica binacional com a Bolívia ecoa o sucesso da Usina de Itaipu, um projeto emblemático construído em parceria com o Paraguai. Silveira enfatizou que, para viabilizar a retomada de grandes empreendimentos hidrelétricos, o governo brasileiro tem ampliado a cooperação técnica com a Bolívia. O objetivo principal é explorar de forma conjunta o vasto potencial do Rio Madeira, uma região estratégica para a geração de energia renovável.
O ministro revelou ter discutido a importância desse debate diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, expressando a intenção de avançar com a proposta. “Falei com o presidente Lula sobre a importância de enfrentarmos esse debate e a ideia é garantir o avanço. Quem sabe uma nova binacional está a caminho, repetindo o sucesso de Itaipu”, declarou Silveira, indicando um forte apoio político à iniciativa. Consequentemente, a expectativa é que as negociações e estudos de viabilidade para este projeto tomem um rumo mais concreto nos próximos meses, consolidando a parceria bilateral.
Sucesso nos Leilões de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)
Paralelamente aos planos de grandes projetos, os resultados do leilão de contratação de energia de PCHs foram classificados pelo ministro como um “extremo sucesso”. O certame resultou na contratação de uma potência impressionante de 816 megawatts (MW), com um deságio competitivo de 3,16%. Este desempenho robusto demonstra o apetite do mercado e a viabilidade econômica desses empreendimentos de menor porte, porém estratégicos para a descentralização da geração de energia.
A garantia física total alcançou 466 megawatts médios, com um preço médio de R$ 392 por megawatt. Segundo Silveira, os investimentos estimados para os 65 empreendimentos vencedores do leilão giram em torno de R$ 8 bilhões de reais. “Esse certame já nasceu batendo recorde, com 241 projetos cadastrados para 3 mil megawatts totais de potência, sendo que a maior parte virá das pequenas centrais hidrelétricas”, acrescentou ele, sublinhando a amplitude e o impacto positivo do leilão para o setor energético nacional.
Distribuição Geográfica dos Empreendimentos
Conforme informações divulgadas pelo Ministério de Minas e Energia (MME), os novos empreendimentos de PCHs beneficiarão 13 estados brasileiros, contribuindo para a diversificação da oferta energética em diversas regiões. Dos 65 projetos vencedores, 27 estão localizados em Santa Catarina, 11 no Paraná, 7 no Rio Grande do Sul, 6 no Mato Grosso, 4 em Goiás, 2 no Mato Grosso do Sul e 2 no Rio de Janeiro. Além disso, Minas Gerais, São Paulo, Bahia, Rondônia, Espírito Santo e Pernambuco receberão um empreendimento cada.
Notavelmente, a Região Sul do Brasil emergiu como a principal beneficiada neste leilão, concentrando 45 dos 65 empreendimentos contratados. Essa distribuição geográfica estratégica não apenas otimiza o uso dos recursos hídricos regionais, mas também impulsiona o desenvolvimento econômico local e a geração de empregos. Assim, as iniciativas do governo no setor hidrelétrico representam um esforço contínuo para fortalecer a infraestrutura energética do país, garantindo um suprimento confiável e promovendo um crescimento sustentável a longo prazo.