Edição Brasília

Governo envia MP para reformular IOF e tributação de apostas

Governo envia MP ao Congresso para reformular IOF e tributação de apostas. Mudanças incluem redução de alíquotas do IOF, aumento de impostos sobre apostas para 18% do GGR e tributação de títulos como LCA e LCI.
Reforma Tributária Apostas e IOF
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Em uma resposta às críticas e pressões do Congresso Nacional, o governo federal anunciou, na noite de domingo (8), o envio de uma Medida Provisória (MP) para reformular o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a tributação de apostas. A decisão, tomada após reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), visa reequilibrar o sistema financeiro e tributário brasileiro.

Mudanças no IOF e Tributação de Apostas

Segundo Haddad, a MP corrige distorções no sistema de crédito e na cobrança de impostos sobre títulos, incluindo ajustes na tributação de apostas. A principal mudança no IOF, explicou o ministro, é a revisão do decreto original, com redução das alíquotas. Especificamente, o fim da parte fixa do risco sacado e a reavaliação da parte diária estão previstas. “Todos os itens serão revistos”, afirmou Haddad, sinalizando uma ampla reformulação do decreto.

Além disso, a MP propõe uma alteração significativa na tributação das apostas. Atualmente, as empresas pagam 12% sobre o Gross Gaming Revenue (GGR), ou seja, a diferença entre o valor arrecadado e o valor pago em prêmios. Com a nova medida, essa alíquota será elevada para 18%, aumentando a arrecadação governamental nesse setor. Em paralelo, a medida também irá tributar títulos até então isentos, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), com uma alíquota de 5%.

Haddad justificou a tributação desses títulos, argumentando que a isenção criava distorções no mercado de crédito e dificultava as operações do Tesouro Nacional. “Eles continuarão a manter uma distância grande em relação aos títulos públicos em geral, mas não permanecerão mais isentos”, declarou o ministro, enfatizando a necessidade de uma maior equidade no sistema.

Impacto nas Instituições Financeiras e Gastos Tributários

Outra mudança significativa introduzida pela MP diz respeito à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrada das instituições financeiras. A taxa de 9% será extinta, sendo substituída por duas novas alíquotas: 15% e 20%. Concomitantemente, o governo se comprometeu a reduzir os gastos tributários infraconstitucionais em pelo menos 10% e a dialogar com o Congresso sobre os gastos primários.

Haddad explicou a necessidade desse ajuste fiscal, destacando o impacto de despesas obrigatórias contraídas em governos anteriores. “São despesas contratadas quatro, cinco, seis anos atrás e que a conta está chegando sem que a fonte de financiamento dessa despesa tenha sido contratada no mesmo momento”, disse o ministro, ressaltando a importância de uma gestão fiscal mais responsável e transparente.

Em resumo, o governo pretende equilibrar as contas públicas através de um conjunto de medidas que afetam tanto a arrecadação quanto a despesa. A redução do IOF busca mitigar os impactos negativos no mercado financeiro, enquanto o aumento da tributação em outros setores visa compensar a redução da arrecadação por meio da alteração do IOF e atender ao compromisso de redução de gastos.

Recepção no Congresso Nacional

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, reconheceu o desconforto gerado pelo decreto original do IOF no Congresso. Segundo Motta, “tanto na Câmara como no Senado, o ambiente se tornou muito adverso a essa medida”. Portanto, a MP apresentada pelo governo representa uma solução negociada, buscando um equilíbrio entre as necessidades fiscais e a estabilidade do mercado financeiro. A MP, segundo Motta, proporciona uma compensação financeira ao governo, mas de forma “muito menos danosa do que seria a continuidade do decreto do IOF”.

Além disso, o presidente da Câmara anunciou que o Congresso realizará nos próximos dias uma revisão das medidas de isenção fiscal, que, de acordo com o governo, podem chegar a R$ 800 bilhões. Essa revisão demonstra o comprometimento do Legislativo em colaborar com o Executivo na busca de uma solução sustentável para as finanças públicas. Em conclusão, a MP representa uma resposta do governo às preocupações do Congresso, buscando conciliar a necessidade de ajustes fiscais com a preservação da estabilidade econômica. A aprovação da MP no Congresso, entretanto, ainda depende da avaliação e votação pelos deputados e senadores.