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Governo aposta em BRICS fortalecido: rumo à cúpula no Rio

Governo brasileiro defende fortalecimento do BRICS em fórum em Brasília, antecipando cúpula no Rio em julho. Alckmin e Itamaraty reforçam compromisso com o multilateralismo e a ambição renovada do bloco expandido.
Cúpula BRICS Rio 2024
Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O governo brasileiro reforçou seu compromisso com o fortalecimento do bloco BRICS durante o 11º Fórum Parlamentar do bloco, realizado em Brasília. A declaração, feita em meio aos preparativos para a cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, em julho, sinaliza a importância estratégica que o Brasil atribui à organização, especialmente com a sua expansão recente.

Fortalecimento do BRICS: foco na cúpula do Rio

Em Brasília, o governo brasileiro defendeu a necessidade de uma estrutura institucional mais sólida para o BRICS, em preparação para a cúpula que ocorrerá nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. A expectativa, segundo o governo, é que o encontro represente um ponto de inflexão, marcando uma nova fase de ambição e cooperação para o bloco, agora composto por onze países-membros e nove parceiros.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, presidente da República em exercício, ressaltou a importância da coesão e efetividade do BRICS diante dos desafios globais complexos e interconectados. Alckmin, em discurso no Senado Federal, perante representantes de parlamentos de quinze países do BRICS, enfatizou que “a ampliação do grupo exige mais coesão e efetividade. Os desafios que enfrentamos, da saúde global à transição verde, do avanço tecnológico à segurança internacional, são complexos e interconectados. Nenhum país pode enfrentá-los sozinho. Por isso, o papel dos nossos parlamentos é decisivo”.

Alckmin também destacou a diversidade cultural e histórica inerente ao BRICS, considerando-a uma riqueza e não um obstáculo. Em suas palavras, “Isso é uma riqueza e não um obstáculo. É fundamental lembrar que o verdadeiro progresso nasce da nossa capacidade de construir sobre o que nos une e não do que nos separa”.

Presidência brasileira e o multilateralismo

A presidência brasileira do BRICS em 2025 ocorre num contexto de expansão do bloco e de um cenário internacional marcado pela ascensão de Donald Trump nos Estados Unidos e sua postura de rejeição ao multilateralismo em favor de soluções unilaterais ou bilaterais. Este cenário torna a defesa do multilateralismo por parte do Brasil ainda mais relevante.

A secretária-geral do Itamaraty, embaixadora Maria Laura da Rocha, reforçou o compromisso do governo brasileiro com uma presidência “substantiva, representativa e propositiva”. Ela destacou o intenso trabalho realizado até o momento, com a realização de 160 reuniões oficiais até o final de maio. Segundo a embaixadora, “Esse volume expressivo de atividades demonstra o grau de comprometimento do Brasil com uma presidência que seja substantiva, representativa e propositiva. Estamos agora a apenas quatro semanas da Cúpula de Líderes, que ocorrerá no Rio de Janeiro entre os dias 6 e 7 de julho. E seguimos trabalhando com dedicação e diligência para garantir que essa cúpula represente um momento de inflexão e ambição renovada”.

Objetivos e propostas do BRICS

Entre as principais propostas defendidas pelo BRICS, estão a reforma das instituições internacionais para ampliar a representatividade de países da África, Ásia e América Latina; e o fortalecimento do multilateralismo como alternativa ao bilateralismo ou unilateralismo. O multilateralismo, neste contexto, representa a busca por soluções conjuntas para os desafios globais. Além disso, o BRICS advoga pelo aumento do comércio entre os países do Sul Global utilizando moedas locais e a promoção de acordos para o desenvolvimento econômico compartilhado e sustentável.

Expansão do BRICS: novos membros e parceiros

Inicialmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o BRICS expandiu-se significativamente nos últimos anos. Em 2024, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos se tornaram membros permanentes. Em 2025, a Indonésia ingressou no bloco, e nove países – Belarus, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão – foram incluídos como membros parceiros, demonstrando a crescente influência e ambição geopolítica do grupo.

Em conclusão, a realização do Fórum Parlamentar do BRICS em Brasília e os preparativos para a cúpula no Rio de Janeiro demonstram o compromisso do governo brasileiro com o fortalecimento do bloco e sua atuação no cenário internacional, buscando um multilateralismo mais efetivo e inclusivo.