Entre o ritmo acelerado de um plantão e outro no Centro Cirúrgico Obstétrico (CCO), as mãos da técnica de enfermagem Renata Alves da Costa, do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), dão forma a um gesto de puro afeto. Nos breves intervalos de descanso, Renata transforma um insumo hospitalar básico em pequenas touquinhas de malha, cuidadosamente cortadas, dobradas e costuradas, que se tornam o primeiro abraço de acolhimento para os recém-nascidos.
A iniciativa nasceu da observação atenta de Renata sobre o ambiente hospitalar. O material utilizado é a malha tubular, normalmente disponibilizada pelo hospital para proteção e contenção em procedimentos de rotina. “O ambiente do CCO é notoriamente frio. Eu já conhecia a malha tubular de um hospital anterior e pensei imediatamente: ‘Por que não transformar isso em toquinhas para aquecê-los e garantir o conforto inicial?’”, relata a profissional, explicando a origem da ideia que une praticidade e sensibilidade.
O Valor do Acolhimento: Mais que um Item, um Presente
O projeto artesanal rapidamente ganhou reforço com a adesão da colega Michelly Lima, também técnica de enfermagem. Juntas, elas se dedicam a produzir e entregar esses pequenos presentes às famílias. As peças são criadas nos momentos de maior tranquilidade do plantão, exigindo dedicação e precisão, mas o retorno emocional compensa o esforço.
“As reações das mães são sempre muito emocionantes e positivas. Muitas chegam ao hospital sem ter condições de comprar o enxoval completo, às vezes sem nenhuma roupinha para o bebê. A touca, nesse contexto, transcende a função de aquecer; ela se torna um gesto a mais de cuidado, um presente inesperado que alivia a ansiedade”, destaca Michelly Lima, ressaltando o impacto social da ação.
A pequena Aurora, que nasceu recentemente de parto cesariano, foi uma das primeiras a receber o mimo. Sua mãe, Denise Sthefane Silva, ainda em recuperação pós-parto, expressou profunda gratidão pelo carinho. “Isso realmente faz toda a diferença. É um momento de muita ansiedade e preocupação para nós. Quando somos recebidas com esse nível de acolhimento e atenção, tudo se torna instantaneamente mais leve e humano”, afirmou Denise.
Do ponto de vista clínico, a iniciativa das técnicas de enfermagem é fundamental para a saúde neonatal. A enfermeira do setor, Jirlane Nóbrega, explica a importância médica do acessório. “A cabeça do bebê é a área de maior perda de calor corporal. O uso imediato da touca é uma medida crucial que ajuda ativamente a prevenir a hipotermia, um risco sério para recém-nascidos”, explica Jirlane. Ela acrescenta que o material é fornecido pelo próprio hospital, e as técnicas apenas adicionam pequenos detalhes de acabamento para diferenciar as peças destinadas a meninos e meninas, transformando um insumo básico em um item de cuidado personalizado.
Com simplicidade, dedicação e uma sensibilidade notável, Renata e Michelly demonstram como a humanização do atendimento pode ser alcançada através de pequenos gestos. Elas transformam um item de rotina em um símbolo de afeto que conforta e marca de forma positiva o primeiro momento de vida de inúmeros bebês atendidos no Hospital Regional de Santa Maria. O trabalho dessas profissionais é um exemplo inspirador de como a empatia pode elevar a qualidade do cuidado hospitalar. (Com informações do IgesDF)



