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Fortaleza sedia MICBR, maior mercado cultural, com foco em integração e negócios

Fortaleza recebe o MICBR+Ibero-América, o maior mercado cultural do país, com foco em integração e negócios das indústrias criativas até domingo (7).
Mercado Cultural Fortaleza
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Fortaleza se transforma, até o próximo domingo, dia 7 de dezembro, no epicentro das indústrias criativas do Brasil e da Ibero-América. A cidade cearense sedia o Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR+Ibero-América), considerado o maior mercado cultural do país. Este evento concentra esforços na integração regional e na geração de negócios para o setor, atraindo participantes de diversas nações e segmentos culturais.

Início e Propósito do Encontro Cultural

O MICBR+Ibero-América teve seu pontapé inicial nesta quarta-feira, dia 3 de dezembro de 2025, prometendo cinco dias intensos de atividades. Vários pontos da capital cearense se tornam palco para mais de uma centena de iniciativas, que incluem painéis de mercado, palestras inspiradoras, oficinas práticas, showcases de talentos, apresentações artísticas, demonstrações culinárias e valiosas mentorias especializadas. O principal local para essas diversas ações é o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), situado na região central de Fortaleza.

Na noite de abertura, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, sublinhou a importância da integração ibero-americana. Ela destacou a presença significativa de delegações de países como Paraguai, El Salvador e Panamá, reforçando a união cultural da região. A ministra enfatizou a necessidade de fortalecer os laços fraternais entre as nações latino-americanas por meio da cultura, reconhecendo-a como uma ponte essencial para valorizar as produções locais e o vasto legado cultural compartilhado.

Além disso, Margareth Menezes revelou números expressivos de participação neste mercado de negócios culturais. No total, 120 compradores, sendo 65 deles estrangeiros, interagem com 100 vendedores que se inscreveram espontaneamente. Dessa forma, as rodadas de negócios congregam cerca de 600 profissionais, impulsionando a economia criativa.

Acordo Mercosul-UE e Novas Oportunidades Globais

A ministra da Cultura também salientou que o setor cultural deve estar atento e aproveitar uma oportunidade sem precedentes: a iminente assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O presidente Lula está previsto para assinar este pacto no dia 20 de dezembro de 2025. Este acordo, de acordo com Margareth, representa um canal fundamental para que as vozes e as soluções do Sul Global cheguem ao cenário mundial.

Em outras palavras, a ministra vê o acordo como uma “grande porta” que se abre para o Brasil e a América Latina. O setor cultural, segundo ela, pode extrair grande proveito deste momento. Consequentemente, a preparação é crucial, pois a janela de oportunidades para negócios e fortalecimento cultural será imensa. A cultura, conforme reiterou, não conhece fronteiras e o reconhecimento e respeito internacional pela produção brasileira e latino-americana já são uma realidade em diversas áreas.

Colaboração Governamental e Políticas Culturais Abrangentes

A secretária de Cultura de Fortaleza, Helena Barbosa, também presente na cerimônia de abertura, reforçou a importância da união de esforços entre as diferentes esferas governamentais. Ela argumentou que essa colaboração é vital para ampliar o acesso de produtores e artistas às políticas culturais existentes. De fato, para o desenvolvimento da cultura, o caminho da união e da colaboração nas ações é o único viável, e a parceria com o Ministério da Cultura tem sido fundamental nesse processo.

Ainda nesse contexto, a ministra adiantou que, em 11 de dezembro de 2025, em São Paulo, o Ministério apresentará uma pesquisa inédita sobre a dimensão da Lei Rouanet. Este estudo, conduzido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), visa analisar essa política longeva, com 33 anos de existência, que serve como um mecanismo essencial para materializar programas culturais. O MICBR, promovido pelo Ministério da Cultura, oferece ainda uma rica agenda de palestras, abordando temas cruciais como o poder das narrativas, criatividade e território, sustentabilidade e o futuro da cultura, inovação e convergência midiática, impacto social das artes, e as transformações tecnológicas que moldam o mercado cultural contemporâneo.

Inovação e o Futuro Digital da Cultura

Anteriormente à abertura oficial do evento, a ministra Margareth Menezes e outros membros do Ministério da Cultura realizaram uma roda de conversa com jornalistas e influenciadores digitais. Durante esse encontro, foram discutidos tópicos relevantes como a regulamentação da profissão de criadores de conteúdo digital no âmbito cultural, além da crescente participação feminina no setor de jogos eletrônicos.

A ministra destacou que o trabalho de influenciadores e produtores de conteúdo digital representa uma nova, porém fundamental, linha de atuação que tem recebido considerável atenção do Ministério. Assim, o MinC está desenvolvendo ações específicas para o ambiente digital, que abrangem não apenas os influenciadores, mas também outras áreas emergentes. Ela citou, por exemplo, o reconhecimento da dança como profissão e o trabalho em direitos autorais, inteligência artificial e plataformas digitais. Inclusive, há planos para a criação de um prêmio dedicado a influenciadores culturais, demonstrando o engajamento do Ministério com essa esfera.

O Potencial Crescente da Indústria de Games no Brasil

Em relação ao setor de games, a ministra explicou que, pela primeira vez na história, essa área está formalmente acolhida dentro da pasta, especificamente na Secretaria de Audiovisual. Márcio Tavares, secretário executivo do MinC, ressaltou o expressivo impacto econômico do setor, responsável por exportações anuais de 120 milhões de dólares. Portanto, a agenda dos games é considerada muito importante, e a existência de um espaço específico no ministério para tratar o setor como política pública marca um avanço significativo.

Ademais, Márcio Tavares mencionou conquistas importantes, como a inclusão do setor na Lei Rouanet e a capacitação para a gestão do audiovisual. Segundo ele, o setor já nasce exportador devido à sua conexão intrínseca com plataformas internacionais, posicionando-o como uma área vital dentro da economia criativa brasileira. Complementando essa visão, Joelma Gonzaga, secretária do Audiovisual do MinC, descreveu o setor de games como possuidor de um “potencial enorme” e “extremamente lucrativo”. Embora o Brasil seja um grande consumidor de jogos, ela enfatizou a necessidade de o país se tornar um líder mundial em produção, o que demanda políticas robustas para a economia criativa. Afinal, a produção de games envolve música, narrativa e literatura, e contar as histórias brasileiras para o mundo é um objetivo primordial.

Expansão Internacional e Novas Parcerias Estratégicas

Para fortalecer ainda mais o ecossistema cultural brasileiro, Margareth Menezes informou que o Ministério da Cultura está formalizando acordos de colaboração com a França, visando o desenvolvimento da cadeia do audiovisual. Similarmente, parcerias com países como Singapura e Nigéria estão sendo estabelecidas, com o propósito de abrir novos mercados para a cultura brasileira no cenário global. Essas iniciativas demonstram o compromisso do MinC em expandir o alcance e a relevância das indústrias criativas do Brasil internacionalmente.