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Fernanda Torres diz que EUA patrocinaram a ditadura no Brasil

Atriz comentou sobre a importância política do filme Ainda Estou Aqui e o impacto da história nos dias atuais
Fernanda Torres
Foto: Reprodução/Instagram

A atriz Fernanda Torres destacou, em entrevista à revista Variety, que a ditadura militar no Brasil teve apoio dos Estados Unidos durante a Guerra Fria. A declaração foi dada durante a campanha da atriz ao Oscar 2025, pela sua atuação no filme Ainda Estou Aqui, que tem sido aclamado pelo público e pela crítica.

Para Fernanda, a produção tem um grande impacto social e político, pois aborda temas relevantes para a história do Brasil e que ainda refletem a realidade atual.

O impacto da ditadura militar e o envolvimento dos EUA

Durante a entrevista, Fernanda Torres ressaltou que a ditadura brasileira não foi um evento isolado, mas sim parte de um movimento global influenciado pela Guerra Fria.

“A ditadura no Brasil não foi algo que aconteceu isoladamente. Foi parte da Guerra Fria. Os Estados Unidos patrocinaram a ditadura no Brasil. Foi uma época distópica. Mas esta não é apenas uma história sobre o passado — é também um reflexo do agora”, afirmou a atriz.

O apoio dos EUA a regimes militares na América Latina é um tema amplamente debatido por historiadores e analistas políticos. Durante a Guerra Fria, os Estados Unidos buscavam impedir a expansão do comunismo no continente e, por isso, apoiaram governos militares alinhados a seus interesses políticos e econômicos.

Paralelo entre passado e presente

Além de abordar o contexto histórico, Fernanda Torres também fez uma relação entre os eventos retratados no filme e a atual conjuntura política global. Segundo a atriz, o mundo enfrenta novamente um período de medo e polarização.

“Novamente, estamos cheios de medo, divididos e com raiva. O populismo e a ideia de que um estado violento pode colocar ordem na bagunça moderna — é tentador. Mas devemos resistir”, disse a atriz.

O comentário reflete preocupações com o crescimento de discursos autoritários e políticas de extrema-direita em vários países, além do aumento da intolerância e da divisão social.

Brasileiros engajados na campanha do Oscar

Outro destaque da entrevista foi a forte mobilização dos brasileiros nas redes sociais para promover Ainda Estou Aqui na temporada de premiações. O filme já arrecadou mais de US$ 2 milhões em bilheteria nos Estados Unidos e é um dos favoritos ao Oscar.

Fernanda Torres, que inicialmente defendeu que as indicações do filme não fossem celebradas como uma Copa do Mundo, reconheceu o entusiasmo dos fãs.

“Nós consumimos nossa própria cultura — temos muito orgulho dela. Mas quando alguém faz o milagre de cruzar a fronteira e é reconhecido no mundo, o Brasil enlouquece”, explicou.

O apoio espontâneo dos brasileiros nas redes sociais se tornou uma grande força de divulgação para o filme, garantindo que mais pessoas ao redor do mundo conheçam a produção e seu impacto.

Oscar 2025: grandes expectativas para Ainda Estou Aqui

O filme Ainda Estou Aqui segue forte na disputa pelo Oscar e já recebeu críticas extremamente positivas, especialmente pela atuação de Fernanda Torres e pela abordagem sensível da história.

A repercussão internacional coloca o cinema brasileiro em destaque mundial, reafirmando a capacidade do país de produzir filmes de qualidade e com relevância social.

A cerimônia do Oscar acontece em 2 de março, e a expectativa é grande para ver o desfecho dessa jornada histórica para o cinema nacional.