Ícone do site Edição Brasília

Fábrica de fraudes online em Mianmar explora vítimas de tráfico humano, incluindo brasileiros

Brasileiro resgatado, vitima de tráfico humano em Mianmar

Foto: Reprodução

Uma investigação revelou detalhes de uma rede criminosa operando no sudeste da Ásia, onde milhares de pessoas, incluindo brasileiros, são vítimas de tráfico humano e exploradas em esquemas de fraudes online. O KK Park, localizado em Mianmar, funciona como uma verdadeira fábrica de golpes financeiros, onde indivíduos são mantidos sob vigilância e tortura para enganar vítimas ao redor do mundo.

Na última semana, dois brasileiros conseguiram escapar do local, enquanto outros ainda permanecem em cativeiro. A operação de resgate foi conduzida por uma ONG internacional, com apoio das autoridades locais.

Como funciona o esquema do KK Park?

O KK Park é um complexo de prédios cercado por seguranças armados, onde os cativos são obrigados a aplicar golpes financeiros, principalmente envolvendo criptomoedas. O esquema consiste em convencer vítimas a investir dinheiro, sob a promessa de retornos lucrativos. No entanto, todo o valor é redirecionado para contas controladas pelos criminosos.

O método utilizado é conhecido como “pig butchering” (abate de porcos), uma referência ao processo em que os criminosos “engordam” a vítima com promessas antes de “abaterem” e roubarem seu dinheiro.

Os trabalhadores forçados são submetidos a jornadas de até 17 horas por dia, sem folga, e enfrentam punições severas caso não alcancem as metas impostas pelos líderes da organização. Entre as punições estão espancamentos, tortura psicológica e privação de alimentos.

Brasileiros entre as vítimas

Entre os resgatados estão os brasileiros Luckas Viana dos Santos, de 31 anos, e Phelipe de Moura Ferreira, de 26 anos. Atraídos por promessas de emprego na Tailândia, eles acabaram sendo levados para Mianmar, onde foram mantidos em cárcere privado por mais de três meses.

Segundo familiares, eles eram forçados a executar fraudes e aplicar golpes sob constante vigilância. Após intensas negociações, a dupla conseguiu ser transferida para a Tailândia, onde aguardam repatriação ao Brasil.

Apesar da operação de resgate, ainda há ao menos oito brasileiros retidos na instalação, de acordo com a ONG The Exodus Road, que auxilia vítimas de tráfico humano ao redor do mundo.

Conexões com o crime organizado

Imagens de satélite mostram que o KK Park quadruplicou de tamanho desde 2020, sugerindo uma expansão das operações ilegais. A investigação aponta que a central de fraudes tem ligações com a máfia chinesa, além de contar com apoio de grupos paramilitares locais que fornecem segurança ao complexo.

Relatórios do governo chinês já indicaram investimentos na região, mas Pequim nega envolvimento direto com as atividades ilegais do KK Park. Enquanto isso, o local segue sendo um epicentro global de fraudes online e exploração humana.

Combate ao tráfico humano e fraudes financeiras

A explosão de fraudes com criptomoedas e tráfico humano tem chamado a atenção de organizações internacionais e governos. A polícia de diversos países já iniciou investigações para rastrear o fluxo de dinheiro e identificar os responsáveis pelo financiamento dessas operações criminosas.

Além disso, autoridades brasileiras e internacionais alertam para que candidatos a empregos no exterior verifiquem com cautela propostas de trabalho, especialmente aquelas que oferecem salários acima da média sem exigir experiência prévia.

O tráfico humano para exploração financeira é um problema crescente, e especialistas alertam que a prevenção e denúncias são fundamentais para evitar que mais pessoas sejam vítimas desse esquema.

Sair da versão mobile