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Estudo revela como a conexão cerebral faz do cérebro humano algo único entre os primatas

Nova pesquisa mostra que a singularidade do cérebro humano está na complexa rede de conexões, e não apenas no tamanho ou na linguagem.
Chimpanzé com postura de que está pensando
Foto: Freepick

Organização cerebral destaca a singularidade humana

Um novo estudo comparativo entre cérebros de humanos, chimpanzés e macacos-rhesus revelou detalhes inéditos sobre o que torna o cérebro humano tão especial. Pesquisadores utilizaram imagens de ressonância magnética da substância branca cerebral para analisar a conectividade interna entre diferentes regiões.

Ao contrário de estudos anteriores, que focavam apenas no tamanho do cérebro, essa nova abordagem destaca como as conexões cerebrais revelam padrões únicos nos seres humanos. Esses padrões indicam que nossa capacidade cognitiva avançada resulta de uma arquitetura cerebral sofisticada.

Conectividade cerebral como marca registrada

A pesquisa concentrou-se na substância branca, responsável por conectar áreas do cérebro e facilitar a comunicação entre os neurônios. Essas conexões consomem energia, o que exige uma organização eficiente. Cada região cerebral tem uma “impressão digital” própria, baseada em sua rede de conexões.

Ao comparar humanos, chimpanzés e macacos-rhesus, os cientistas identificaram que o cérebro humano possui conexões significativamente mais elaboradas, principalmente no lobo temporal. Essa área está associada à visão, audição e ao comportamento social.

Fascículo arqueado: mais do que linguagem

Uma das maiores descobertas do estudo está relacionada ao fascículo arqueado, uma estrutura que liga o córtex frontal ao córtex temporal. Em humanos, esse feixe de fibras é muito maior do que nos outros primatas. Embora tradicionalmente associado à linguagem, ele também participa da integração sensorial e da interação social.

Essas conexões sugerem que o cérebro humano evoluiu não apenas para falar, mas para entender e interagir socialmente de forma mais complexa. Essa é uma das razões pelas quais nossa espécie desenvolveu cultura, arte e sociedade.

Área de empatia e cognição social ampliada

Outra diferença marcante foi encontrada na junção temporoparietal, localizada na parte posterior do lobo temporal. Essa região é fundamental para interpretar emoções, crenças e intenções dos outros. Em humanos, ela está muito mais interligada com áreas que processam expressões faciais e comportamentos sociais.

Essa estrutura reforça a ideia de que a empatia e a cognição social são capacidades centrais no cérebro humano. Portanto, a inteligência humana pode ter surgido por meio de múltiplas adaptações cerebrais interligadas ao longo do tempo.

Evolução em etapas, não em saltos

Ao contrário de hipóteses anteriores, o estudo sugere que a evolução do cérebro humano ocorreu em etapas. Mudanças começaram nos primatas, com alterações no córtex frontal, e se intensificaram na linhagem humana com adaptações no córtex temporal.

Essa descoberta reforça a ideia de que a inteligência humana é fruto de um processo contínuo e complexo. “Nosso cérebro é de primata, mas projetado para uma sociabilidade sem precedentes”, explicam os pesquisadores.

Com esses avanços, os cientistas esperam continuar desvendando os segredos do cérebro humano, buscando compreender como ele nos tornou únicos no reino animal.