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Especialistas alertam para riscos do PMMA em procedimentos estéticos e defendem proibição da substância

Substância associada a complicações graves, como necrose e até morte, é alvo de críticas de médicos e entidades que pedem seu banimento pela Anvisa
Procedimento Estético
Foto: Freepik

O uso do polimetilmetacrilato (PMMA) em procedimentos estéticos voltou ao centro do debate após novos casos de complicações graves e até mortes. O Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido formal para proibir a produção e comercialização de preenchedores à base da substância.

Embora o PMMA tenha sido originalmente desenvolvido para aplicações médicas corretivas, como na reconstrução craniana após a Segunda Guerra Mundial, seu uso estético se popularizou nas últimas décadas. No entanto, os riscos associados ao seu uso continuam sendo motivo de grande preocupação entre especialistas da área da saúde.

Substância não é absorvida pelo corpo e pode causar reações graves

Ao contrário de preenchedores como o ácido hialurônico — que é absorvido naturalmente pelo organismo —, o PMMA permanece no corpo de forma permanente. Isso pode desencadear reações inflamatórias, deformações, necrose de tecidos e, em casos extremos, levar à morte.

A dermatologista Sylvia Ypiranga explica que o produto pode ser reconhecido como um corpo estranho, provocando reações adversas tanto localizadas quanto sistêmicas. “Em grandes volumes, o PMMA pode causar aumento do cálcio no sangue, o que pode desencadear insuficiência renal”, afirma.

Casos graves reforçam apelo por regulação mais rígida

Em novembro de 2024, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica também se posicionou contra o uso do PMMA em procedimentos estéticos. A Anvisa já esclareceu que a substância só é autorizada para fins médicos específicos, mas o uso estético ainda ocorre de forma irregular.

Além dos riscos clínicos, há um agravante: a retirada do PMMA exige cirurgia, e a aplicação de novos preenchedores na mesma região pode agravar reações inflamatórias. Alterações naturais do corpo com o tempo também podem tornar a aparência desarmônica, já que o produto não se adapta à nova estrutura facial ou corporal.

Procedimentos baratos, mas perigosos

Um dos fatores que ainda atrai pacientes ao PMMA é seu custo inferior em comparação a cirurgias ou a outros preenchedores. No entanto, o barato pode sair caro. Quando aplicado em grandes áreas, como glúteos ou panturrilhas, os riscos aumentam consideravelmente.

Segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), o Brasil realizou 971 mil procedimentos não cirúrgicos em 2022, número que inclui uso de toxina botulínica, ácido hialurônico e outros.

Segurança em primeiro lugar: escolha o profissional certo

Antes de realizar qualquer procedimento estético, os especialistas recomendam buscar um médico capacitado, com experiência comprovada e boas referências. O dermatologista Beni Grinblat, do Hospital Israelita Albert Einstein, reforça: “O paciente precisa entender exatamente o que está sendo feito e confiar plenamente no profissional escolhido.”