O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) anunciou seu afastamento da Câmara dos Deputados para permanecer nos Estados Unidos e ampliar sua articulação política. O objetivo é pressionar autoridades brasileiras e buscar sanções contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente o ministro Alexandre de Moraes. O movimento ocorre após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 33 aliados por tentativa de golpe de Estado em 2022.
Articulações nos Estados Unidos
Eduardo Bolsonaro já vinha mantendo conversas com congressistas republicanos e setores alinhados ao ex-presidente Donald Trump. Recentemente, a Câmara dos EUA aprovou um projeto que pode impedir a entrada de Moraes no país. A proposta, chamada “No Censors on our Shores Act” (Lei Sem Censores em Nossas Fronteiras), foi apresentada pelos deputados Darrell Issa e Maria Salazar. O texto ainda precisa passar pelo Senado e ser sancionado pelo governo Trump.
O parlamentar brasileiro argumenta que autoridades brasileiras têm violado direitos fundamentais, especialmente no que se refere à liberdade de expressão. Durante uma transmissão ao vivo com o comentarista político Paulo Figueiredo, Eduardo afirmou que “determinadas pessoas só terão um freio quando os Estados Unidos tomarem medidas concretas”.
Pressão por sanções
Além da restrição de entrada para Moraes, aliados de Bolsonaro pressionam o governo Trump para impor sanções mais amplas contra autoridades do Brasil. Entre as medidas sugeridas está a aplicação da Lei Magnitsky, que prevê bloqueio de bens e restrição de vistos para indivíduos acusados de violação de direitos humanos.
A possibilidade de sanções conta com apoio de congressistas americanos, como Rich McCormick, que solicitou formalmente a Donald Trump a aplicação da legislação contra Moraes. O empresário Elon Musk também manifestou apoio às críticas à atuação do STF, especialmente em relação à moderação de conteúdos em redes sociais.
Reação no Brasil
A movimentação de Eduardo Bolsonaro gerou críticas no cenário político nacional. Parlamentares da base do governo classificaram a iniciativa como uma tentativa de desestabilização institucional. O próprio STF acompanha de perto as declarações e articulações do deputado.
Por outro lado, a oposição vê na estratégia uma forma de internacionalizar as críticas ao Judiciário brasileiro. A decisão do deputado de se licenciar da Câmara para atuar diretamente nos EUA indica que a ofensiva deve continuar nos próximos meses.
Próximos passos
Apesar da pressão, o governo dos Estados Unidos ainda não tomou medidas concretas contra autoridades brasileiras. O posicionamento oficial da administração Trump foi discreto, limitando-se a uma nota emitida pelo Bureau de Assuntos para o Hemisfério Ocidental.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro segue nos EUA em busca de apoio político e midiático. A expectativa é de que novas ações sejam anunciadas em breve, intensificando a tensão entre setores do Judiciário e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.