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Dino manda PF investigar R$ 694 milhões em “emendas Pix” sem plano

Flávio Dino, do STF, determina que a PF investigue R$ 694 milhões em "emendas Pix" aprovadas entre 2020 e 2024 sem plano de trabalho.
emendas Pix sem plano
Foto: Antonio Augusto/STF

O ministro Flávio Dino, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou uma decisão crucial ao ordenar que a Polícia Federal (PF) inicie uma investigação detalhada sobre transferências especiais de emendas parlamentares, popularmente conhecidas como “emendas Pix”. O montante em questão atinge a cifra expressiva de R$ 694 milhões, referente a repasses do orçamento da União efetuados entre os anos de 2020 e 2024, que foram aprovados sem o devido cadastro de um plano de trabalho no sistema oficial do governo.

Investigação Abrangente sobre Emendas Sem Plano

Essa medida judicial mira especificamente 964 emendas individuais de transferência especial, identificadas por não possuírem um plano de trabalho registrado. É importante ressaltar que a ausência desse plano contraria as normas de transparência estabelecidas. Portanto, para garantir a efetividade da apuração, o ministro Dino concedeu um prazo de dez dias úteis para que o Tribunal de Contas da União (TCU) encaminhe às superintendências da Polícia Federal em cada estado a lista completa das emendas que carecem de tal documentação, as quais serão objeto de inquéritos policiais.

Adicionalmente, a exigência de cadastro de um plano de trabalho para as “emendas Pix” não é uma novidade. Ela foi determinada pelo próprio Supremo Tribunal Federal a partir de 2022. Naquela ocasião, a Corte suprema estabeleceu a implementação de rigorosas regras para a transparência e rastreabilidade na liberação de recursos públicos, visando coibir possíveis irregularidades e garantir a correta aplicação do dinheiro do contribuinte. Consequentemente, a atual investigação reforça o compromisso com essa determinação e os esforços contínuos para aprimorar a fiscalização.

Outras Determinações para o Controle de Gastos Públicos

Em sua deliberação, o ministro Flávio Dino não se limitou apenas às “emendas Pix”. Paralelamente, ele também instruiu o Ministério da Saúde a suspender a execução de emendas de relator ao Orçamento, identificadas pela sigla RP9, que porventura não preencham critérios objetivos de elegibilidade, como a correção de erros ou omissões evidentes. Com efeito, fora dessas condições previamente estabelecidas, as mencionadas emendas não deverão ser liberadas, reforçando a necessidade de adesão a parâmetros claros e justificados para o uso dos fundos.

Em um precedente relevante, ainda em abril deste ano, o ministro já havia ordenado o bloqueio de repasses de 1,2 mil emendas destinadas à área da Saúde. Aquela decisão se baseou em irregularidades constatadas na abertura de contas específicas, que são exigidas para o recebimento dos recursos. Essa série de ações demonstra um padrão de fiscalização rigorosa por parte do STF em relação à alocação e gestão das verbas públicas destinadas a setores críticos.

Auditorias e Novas Regras para a Transferência de Recursos

Além disso, Flávio Dino determinou que a Controladoria-Geral da União (CGU) realize, também no prazo de dez dias úteis, uma auditoria completa e aprofundada nos repasses financeiros feitos à Associação Moriá. Essa auditoria abrangerá o período entre 2022 e 2024, priorizando convênios firmados especificamente com o Ministério da Saúde. A Associação Moriá, por conseguinte, está sob suspeita de envolvimento em irregularidades na gestão e execução de recursos públicos, justificando a intervenção da CGU para apurar a veracidade das denúncias.

Para fortalecer a transparência e a segurança nas transações, o ministro também reiterou a obrigatoriedade de bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, utilizarem contas específicas para cada emenda parlamentar ao transferir os recursos. Desse modo, a utilização das chamadas “contas de passagem”, que dificultam o rastreamento, está expressamente proibida. Tal medida visa assegurar a correta destinação dos valores desde a origem até o beneficiário final, impedindo desvios.

Por fim, com vistas a uma modernização e otimização dos controles, Dino estabeleceu que, a partir do ano de 2026, todos os repasses de emendas parlamentares deverão ser realizados exclusivamente por meio do sistema de Ordens de Pagamento de Parceria (OPP). Este sistema, que foi concebido para maximizar a rastreabilidade dos recursos, representa um avanço significativo na fiscalização e na prestação de contas dos fundos públicos, promovendo uma maior integridade no processo.

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