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Dia do Professor: Governo defende remuneração digna e lança carteira docente

No Dia do Professor, governo federal defendeu remuneração digna para docentes e lançou a Carteira Nacional Docente em cerimônia no Rio de Janeiro.
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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Na data dedicada aos profissionais da educação, o governo federal reforçou o pleito por uma remuneração justa para os docentes brasileiros. Além disso, a cerimônia no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro, marcou o lançamento oficial da Carteira Nacional Docente, um instrumento que promete benefícios para a categoria.

Autoridades Defendem Remuneração Justa e Valorização Profissional

O ministro da Educação, Camilo Santana, aproveitou o Dia Nacional do Professor, celebrado nesta quarta-feira (15), para defender abertamente a valorização dos educadores do país. Em sua fala, na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de autoridades federais e municipais, e parlamentares, Santana enfatizou: “O professor tem que ser bem remunerado. No nosso país, o professor tem que ser valorizado.”

Adicionalmente, o ministro sublinhou a educação como o principal motor de transformação social em um Brasil marcado por grandes desigualdades. Consequentemente, ele destacou iniciativas governamentais voltadas à área, como o programa Pé de Meia e a recém-lançada Carteira Nacional Docente do Brasil, projetada para oferecer uma série de vantagens aos profissionais.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também reforçou a necessidade de uma remuneração digna. Como professora de formação, que iniciou sua carreira aos 17 anos, ela recordou a realidade da categoria. “Qualquer 10 minutos a mais na nossa carga horária conta. Eu me lembro disso. Qualquer 10 minutos a mais também tem que ser remunerado e é isso mesmo que os professores merecem e se dedicam todos os dias para que aconteça”, afirmou a ministra. Outrossim, Franco ressaltou a importância vital do programa de cotas universitárias, que lhe permitiu cursar tanto a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) quanto a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Crise Salarial no Rio de Janeiro e Reajuste Anunciado

No contexto da cerimônia, a questão salarial dos professores ganhou destaque com a participação do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Embora tenha iniciado seu discurso sob vaias dos educadores presentes, o prefeito rapidamente reverteu o clima ao anunciar que os docentes da rede municipal teriam seus salários reajustados. “Quero garantir aos professores do município que mais uma vez vão ter reajuste”, declarou, transformando as vaias em aplausos.

Entretanto, a situação dos professores do município permanece delicada, conforme aponta o Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Sepe-RJ). De acordo com a entidade, os professores municipais estão há 18 meses sem reajuste, uma realidade que, lamentavelmente, se estende por diversas prefeituras em todo o estado. O sindicato, por conseguinte, expressou o descontentamento da categoria em suas redes sociais, afirmando que os profissionais da educação “não aceitam essa situação e vêm lutando contra esses ataques aos servidores”, concluindo que não há motivos para celebração no Dia do Professor.

Cenário Desafiador para a Docência no Brasil: Dados e Propostas

O panorama dos educadores brasileiros apresenta desafios consideráveis, uma realidade evidenciada pelo relatório Education at a Glance, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em suma, o levantamento de 2023 revelou que, no Brasil, os professores recebem remuneração inferior e dedicam mais horas ao trabalho em comparação com a média dos países-membros da organização.

Especificamente, o salário médio anual dos professores dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) no ano passado foi de aproximadamente R$ 128 mil, um valor 47% abaixo da média praticada nas nações da OCDE. Além disso, no que tange à carga horária, os docentes brasileiros nesta etapa lecionam cerca de 800 horas anualmente, superando a média da OCDE, que é de 706 horas por ano.

Em busca de soluções, o Brasil discute atualmente o novo Plano Nacional de Educação (PNE), que definirá as diretrizes e metas para a educação brasileira ao longo dos próximos dez anos. Um relatório preliminar do PNE 2025-2035, apresentado na Câmara dos Deputados, sugere um investimento equivalente a 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Tal aporte seria crucial para assegurar uma educação de qualidade, sanar deficiências estruturais, manter a infraestrutura e, primordialmente, valorizar os profissionais da educação. Este texto será analisado em cinco sessões antes de ser submetido à votação do colegiado.

Lançamento da Carteira Nacional Docente: Benefícios para Educadores

A cerimônia realizada nesta quarta-feira oficializou o início da emissão da Carteira Nacional Docente do Brasil. No evento, mil e quinhentos professores tiveram a oportunidade de receber o documento em primeira mão.

Esta nova identidade funcional, que será expedida pelo Ministério da Educação, visa conceder aos professores das redes pública e privada uma série de vantagens. Entre os benefícios, destacam-se descontos em eventos culturais, como sessões de cinema, peças de teatro e shows. Para além disso, a carteira oferece vantagens exclusivas junto a empresas parceiras, incluindo plataformas de delivery como o iFood e agências de viagens como a Decolar, reforçando o esforço de valorização da categoria.