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Desemprego sobe no início do ano, mas Brasil registra melhor resultado para o trimestre desde 2012

Apesar do aumento sazonal no início de 2025, mercado de trabalho brasileiro mantém estabilidade em empregos formais e atinge rendimento médio recorde, segundo o IBGE.
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Taxa de desocupação sobe, mas segue em trajetória positiva

A taxa de desemprego no Brasil atingiu 7% no primeiro trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice representa um aumento de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, encerrado em dezembro de 2024, quando a taxa era de 6,2%.

No entanto, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve uma queda de 0,9 ponto percentual. Isso significa que, mesmo com a alta sazonal, o país alcançou a menor taxa de desocupação para um primeiro trimestre desde 2012, ano em que o IBGE iniciou a série histórica.

Ao todo, 7,7 milhões de pessoas estão desempregadas no país, número que representa um crescimento trimestral de 13,1%, mas uma queda anual de 10,5%.

Mercado formal resiste e rendimento bate recorde

O número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 39,4 milhões, mantendo estabilidade em relação ao trimestre anterior e apresentando crescimento de 3,9% no ano. Já os empregados sem carteira somam 13,5 milhões, com uma queda de 5,3% no trimestre, mas estabilidade na comparação anual.

Mesmo com a leve retração no número total de ocupados, que chegou a 102,5 milhões, o rendimento médio real habitual cresceu e alcançou R$ 3.410 — o maior valor já registrado pela pesquisa. O aumento foi de 1,2% no trimestre e 4% no ano.

Além disso, a massa de rendimentos chegou a R$ 345 bilhões, mantendo estabilidade frente ao trimestre anterior e registrando crescimento de 6,6% em relação ao mesmo período de 2024.

Informalidade e trabalho por conta própria seguem relevantes

A taxa de informalidade ficou em 38%, reunindo 38,9 milhões de pessoas. Os trabalhadores por conta própria somaram 25,9 milhões, número estável no trimestre e 2% maior do que em 2024.

Enquanto isso, o setor público empregava 12,5 milhões de brasileiros, com leve retração trimestral de 2,3% e alta anual de 3,7%. Os trabalhadores domésticos permanecem representando uma força significativa, totalizando 5,7 milhões de ocupações.

Participação da força de trabalho e subutilização

A população fora da força de trabalho somou 67 milhões de brasileiros — um aumento de 1,2% no trimestre e estabilidade em relação ao ano anterior. Esse grupo inclui aposentados, estudantes e pessoas que não buscam emprego por diferentes motivos.

A população desalentada, que inclui pessoas que desistiram de procurar emprego, cresceu 6,6% no trimestre, mas caiu 10,2% no ano, totalizando 3,2 milhões.

A taxa de subutilização, que considera quem poderia trabalhar mais, ficou em 15,9%. Houve aumento frente ao trimestre anterior (15,2%), mas uma redução expressiva em relação ao mesmo período de 2024, quando estava em 17,9%.

Perspectivas para os próximos meses

Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas do IBGE, o aumento no desemprego é comum no início do ano devido ao fim de contratos temporários. Ainda assim, ela destaca que o mercado mostra sinais de aquecimento.

“O número de trabalhadores com carteira assinada se manteve, o que demonstra resiliência mesmo diante da oscilação natural do início do ano”, afirmou.

O cenário aponta para uma retomada consistente da atividade econômica, com aumento de rendimento e manutenção da empregabilidade formal, o que pode favorecer um segundo trimestre mais promissor para o mercado de trabalho brasileiro.