O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), apresentou suas alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (13), ocasião em que sua defesa refutou qualquer papel central na suposta trama golpista investigada. O objetivo primordial da equipe jurídica é garantir a absolvição do militar, argumentando que sua participação nos eventos em questão foi meramente secundária e periférica.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), por outro lado, acusa Heleno de ter apoiado ativamente as iniciativas que visavam desacreditar o sistema de justiça brasileiro, bem como a confiabilidade do processo de votação eletrônica. Além disso, a acusação aponta para o suposto auxílio a Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e então subordinado ao GSI, na formulação de estratégias destinadas a minar a credibilidade das instituições nacionais.
Contudo, a defesa do general Heleno contesta veementemente essas alegações. Nesse sentido, os advogados afirmam que as evidências coletadas ao longo da fase de instrução processual desmentem de forma categórica qualquer hipótese de protagonismo por parte do ex-ministro na referida articulação golpista. Eles argumentam que a conduta de Heleno foi marginal à estrutura organizacional da suposta empreitada criminosa.
O Argumento Central da Defesa
A equipe jurídica enfatizou que uma análise minuciosa dos acontecimentos descritos na denúncia evidencia que o comportamento do general Heleno, enquanto Ministro do GSI, teve um caráter estritamente secundário e marginal em relação à estrutura central da organização. Consequentemente, não há indícios que atribuam relevância causal à sua atuação para o sucesso da ação criminosa denunciada, conforme sustentado pela defesa.
A manifestação formal dos advogados foi incorporada às alegações finais, encaminhadas diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, que atua como relator do processo. É importante destacar que o prazo de quinze dias concedido para o protocolo dessas manifestações por parte dos réus encerrou-se nesta mesma data, precisamente às 23h59.
As alegações finais representam um estágio crucial no rito processual. Assim sendo, elas constituem a última oportunidade para os acusados apresentarem seus argumentos defensivos antes que o caso seja levado a julgamento. O desfecho desse julgamento determinará a condenação ou absolvição dos envolvidos, marcando um ponto decisivo no processo.
Contexto e Outros Envolvidos
Além do general Heleno, outras figuras proeminentes do cenário político, incluindo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, também precisam apresentar suas respectivas alegações finais ao STF. Por conseguinte, estima-se que mais seis aliados do ex-presidente estejam na mesma situação processual, aguardando o desfecho de seus casos individuais diante da mais alta corte do país.
Por outro lado, o tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, já havia entregue suas alegações no mês passado. Sua condição de delator no processo conferiu-lhe um trâmite diferenciado, permitindo a antecipação de sua manifestação em relação aos demais réus, configurando um passo singular em sua colaboração com a justiça.
Os Acusados do “Núcleo 1”
O processo judicial envolvendo a suposta trama golpista abrange um grupo seleto de indivíduos, designados como integrantes do “núcleo 1”. Estes são os principais réus que estão sob o escrutínio do Supremo Tribunal Federal, enfrentando acusações relacionadas aos eventos investigados. O rol de acusados desse núcleo central é extenso e inclui figuras de alto escalão do governo anterior.
Entre os nomes de destaque que compõem este grupo estão: o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro; Alexandre Ramagem, que chefiava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na época dos fatos; o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier; Anderson Torres, que foi ministro da Justiça e também secretário de segurança do Distrito Federal; o próprio Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; o general Paulo Sérgio Nogueira, que ocupou o cargo de ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro no governo Bolsonaro e candidato à vice-presidência na chapa de 2022. Adicionalmente, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, também faz parte deste rol, embora com o status de delator, o que o diferencia na dinâmica processual.