A defesa do general Hamilton Mourão Braga Netto impetrou nesta sexta-feira, 6 de junho, um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a transmissão ao vivo de seu interrogatório, previsto para a próxima segunda-feira, dia 9 de junho.
Pedido de suspensão da transmissão ao vivo
A solicitação visa impedir a cobertura televisiva do depoimento pelo canal TV Justiça, alegando que a transmissão pública violaria os direitos do general. A defesa argumenta que a exposição pública do ato de defesa configura uma superexposição indevida. Essa medida, segundo os advogados, é contrária aos princípios de intimidade e privacidade. Ironia, já que a transmissão foi previamente autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no âmbito do Supremo.
Em comunicado oficial, a defesa de Braga Netto enfatiza a gravidade da situação. Segundo os advogados, “não é razoável que o ato mais importante de autodefesa seja realizado sob a mira de câmeras, sabendo-se que a inquirição não será objeto apenas dos autos, mas também será alvo de escrutínio público, em tempo real. Trata-se de negar absolutamente proteção à intimidade e privacidade”. A argumentação central da defesa gira em torno do direito à privacidade do réu durante o processo de interrogatório.
Contexto do interrogatório e prisão
O general Braga Netto, preso desde dezembro de 2024, é um dos oito réus que serão interrogados pelo ministro Alexandre de Moraes na próxima semana. Ele está envolvido nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022 e é acusado de obstrução à Justiça, além de supostamente tentar obter informações privilegiadas sobre as declarações do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022, participará do interrogatório por videoconferência, enquanto os demais réus prestarão depoimentos presencialmente na sala da Primeira Turma do STF.
Além disso, a semana de 9 a 13 de junho reserva uma série de interrogatórios conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes. Além de Braga Netto, o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros seis réus acusados de participação no “núcleo crucial” da trama golpista serão ouvidos. O núcleo em questão é apontado como o grupo central na tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.
Implicações e próximos passos
O pedido da defesa de Braga Netto configura um novo capítulo na complexa saga jurídica que envolve a investigação da tentativa de golpe. A decisão do STF sobre o pedido de suspensão da transmissão ao vivo terá um grande impacto, não apenas no caso em si, mas também no debate sobre a transparência em processos judiciais de alta relevância nacional. Resta aguardar a decisão do Supremo Tribunal Federal a respeito do pedido da defesa do general.
Entretanto, é importante destacar que este não é o único processo jurídico em andamento relacionado a figuras públicas de destaque. Recentemente, o STF negou, por unanimidade, um recurso apresentado pela defesa da deputada Carla Zambelli, mantendo sua condenação. Paralelamente, a defesa de Robinho também apresentou um novo recurso ao Supremo contra sua prisão. E a Procuradoria Geral da República (PGR) encaminhou parecer ao STF recomendando a manutenção da prisão de Braga Netto. Todos esses eventos demonstram a intensa atividade judicial em curso relacionada à investigação dos acontecimentos políticos de 2022.