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Cúpula do Clima em Belém: Último dia foca em energia, clima e financiamento

Belém sedia o segundo e último dia da Cúpula do Clima nesta sexta (7), com debates cruciais sobre transição energética, financiamento e o Acordo de Paris entre líderes de mais de 70 países.
Cúpula Clima Belém
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Cúpula do Clima em Belém conclui suas atividades nesta sexta-feira (7), com um foco intensificado em debates essenciais sobre a transição energética global, o financiamento de iniciativas climáticas e a implementação do Acordo de Paris. Líderes e representantes de mais de setenta nações estão reunidos na capital paraense para o encerramento do evento, que visa solidificar os alicerces políticos para a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30).

Objetivos e Contexto da Cúpula

Este encontro de alto nível, que antecede a COP30 programada para ocorrer também em Belém entre 10 e 21 de novembro, tem como principal meta revigorar os compromissos multilaterais frente à urgência da crise climática. A Cúpula, portanto, busca imprimir uma relevância política decisiva nas negociações que se estenderão ao longo das duas semanas da COP30. Em suma, a presença de chefes de Estado, líderes de governos e representantes diplomáticos de mais de setenta países, e mais de uma centena de representações governamentais contando embaixadores e equipes, reforça o peso e a dimensão internacional deste evento.

Adicionalmente, as discussões se concentram na avaliação e fortalecimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que são os planos de cada país para reduzir emissões e adaptar-se às mudanças climáticas. Entretanto, o sucesso dessas metas está intrinsecamente ligado à capacidade de angariar e distribuir o financiamento necessário para as ações de combate e mitigação dos impactos climáticos. Nesse contexto, a Cúpula serve como um fórum crucial para alinhar expectativas e estratégias antes do grande evento global.

Programação do Dia Final: Energia, Clima e Finanças

A agenda desta sexta-feira teve início com a chegada das delegações à Zona Azul, área restrita a oficiais, chefes de Estado e imprensa credenciada. Posteriormente, uma nova sessão de foto de família reuniu os líderes participantes, precedendo a retomada dos discursos sobre o clima, que são fundamentais para o alinhamento das posições. Uma sessão temática substancial foi dedicada à transição energética, tópico em que o Brasil defende uma aceleração justa, visando proteger as florestas e, simultaneamente, combater desigualdades por meio de um desenvolvimento sustentável e equitativo para todas as sociedades.

Além disso, o cronograma inclui uma sessão final de grande relevância, contando com a participação dos líderes, focada em uma retrospectiva dos dez anos do Acordo de Paris. Esta sessão também aborda as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e, crucialmente, o financiamento de ações para enfrentar a crise climática. Portanto, os debates englobam desde a visão estratégica de longo prazo até os mecanismos práticos para viabilizar as metas ambientais. A busca por soluções inovadoras e a mobilização de recursos são pontos-chave que permeiam toda a programação do dia.

Diplomacia e Multilateralismo em Destaque

Na quinta-feira (6), o presidente brasileiro realizou importantes encontros bilaterais com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. Para esta sexta-feira, a agenda previa reuniões bilaterais com os primeiros-ministros de Portugal, Luís Montenegro; da Alemanha, Friedrich Merz; e com o presidente de Moçambique, Daniel Chapo. Esses diálogos reforçam o papel da diplomacia na construção de consensos e na coordenação de esforços globais.

Nesse sentido, o presidente brasileiro tem consistentemente enfatizado que a crise climática, dada sua natureza abrangente e interconectada, só pode ser gerenciada de forma eficaz por meio da cooperação internacional robusta e do fortalecimento do multilateralismo. Por conseguinte, as reuniões bilaterais servem para reforçar alianças estratégicas e mobilizar apoio para as propostas que serão levadas à COP30. A coordenação entre as nações é percebida como um pilar indispensável para qualquer avanço significativo na agenda ambiental global.

Lançamento de Fundo e Alerta Científico

A abertura da Cúpula, realizada na quinta-feira (6), foi marcada por um vigoroso apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ações concretas dos países para conter a elevação da temperatura global. Ele destacou que a “COP30 será a COP da verdade”, um momento de encarar a realidade e demonstrar coragem para transformá-la. Esse chamado ganhou ainda mais urgência com a divulgação do Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2025 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que aponta a crescente dificuldade em manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C, exigindo, portanto, medidas mais enérgicas para evitar um cenário catastrófico.

Em seguida, após a plenária de abertura, o presidente recebeu líderes mundiais em um almoço oficial, ocasião que serviu para o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). Em uma coletiva de imprensa subsequente, com a participação dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), foi anunciado que o fundo já havia arrecadado um aporte inicial de US$ 5,5 bilhões. Esse montante representa um passo significativo para a conservação das florestas tropicais, um elemento crucial na estratégia climática global.

A cada ano, um país diferente sedia este tipo de encontro, com o objetivo principal de encontrar maneiras de implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), documento crucial adotado por diversas nações em 1992, durante a Eco92 no Brasil. Desde então, a meta principal tem sido estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, garantindo um futuro mais sustentável para o planeta. A Cúpula em Belém, portanto, consolida essa trajetória de esforços globais.