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Crise climática ameaça saúde global e pode causar extinção em massa, alerta cientista britânico no Rio

Hugh Montgomery afirma que ações imediatas são essenciais para conter os efeitos da crise climática, que já impacta a saúde e a economia mundial.
Crise climática
Foto: Freepik

Rio sedia cúpula internacional sobre clima e saúde

O Rio de Janeiro recebeu nesta terça-feira (8) o Forecasting Healthy Futures Global Summit, uma conferência global que discute os impactos da crise climática na saúde humana. O Brasil foi escolhido como sede porque também receberá a COP30, em novembro.

O evento começou com uma palestra do pesquisador britânico Hugh Montgomery, diretor do Centro de Saúde e Desempenho Humano da University College London. Montgomery também é coautor do Relatório de 2024 sobre saúde e mudanças climáticas da publicação científica The Lancet.

Crise climática pode causar extinção em massa

Durante sua apresentação, Montgomery fez um alerta contundente. Segundo ele, se a humanidade não agir, o planeta enfrentará uma nova extinção em massa. Ele comparou a atual trajetória com a catástrofe do Período Permiano, quando 90% das espécies desapareceram.

“Já estamos testemunhando a maior e mais rápida extinção da história, e nós a provocamos”, declarou o cientista.

Em 2024, a temperatura média global subiu 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Se esse ritmo continuar, ela poderá atingir 2,7 °C até 2100. E isso traria consequências devastadoras para ecossistemas e populações humanas.

Efeitos já são sentidos na saúde e na economia

A crise climática não ameaça apenas o meio ambiente. Ela já prejudica a saúde pública e gera perdas econômicas. Montgomery afirmou que, até 2049, o mundo pode perder US$ 38 trilhões por ano por causa desses impactos.

Além disso, ele destacou o aumento de doenças respiratórias, cardiovasculares e infecciosas, agravadas por ondas de calor e poluição. “Estamos vendo os sintomas agora, e eles tendem a piorar”, explicou.

A emissão de 54,6 bilhões de toneladas de CO₂ em 2024 preocupa cientistas. E a liberação de metano, ainda mais nociva, intensifica o problema. O metano tem 83 vezes mais impacto climático que o CO₂.

Ações urgentes são necessárias

Montgomery defende que o mundo precisa reduzir emissões com urgência, e não apenas investir em adaptações. “Aliviar sintomas sem tratar a causa não faz sentido”, afirmou.

Ele alertou para outro risco: o colapso das calotas polares e a desaceleração da Circulação Meridional do Atlântico, que regula o clima global. Isso pode ocorrer ainda nas próximas décadas, se o planeta atingir entre 1,7 °C e 2,3 °C de aquecimento.

Então, além de proteger espécies, conter o aquecimento global também significa preservar o funcionamento dos sistemas climáticos essenciais à vida.

Brasil tem papel estratégico no combate à crise

O Brasil tem enorme responsabilidade na contenção da crise climática. Com a maior floresta tropical do planeta, o país pode liderar soluções sustentáveis e incentivar acordos internacionais.

Por isso, sediar eventos como a COP30 e a cúpula sobre saúde e clima fortalece sua imagem global. É hora de transformar o protagonismo político em ações concretas.

“O futuro ainda pode ser reescrito, mas precisamos agir agora”, concluiu Montgomery.