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Cortes no combate ao HIV ameaçam milhões de vidas até 2030, diz OMS

Redução drástica nos financiamentos internacionais pode causar até 2,9 milhões de mortes e 10 milhões de novas infecções por HIV nos próximos anos.
Remédios na mão
Foto: Pixabay

Cortes no combate ao HIV colocam em risco décadas de progresso

Os cortes no combate ao HIV promovidos por grandes doadores internacionais podem reverter os avanços obtidos nas últimas décadas. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado na revista The Lancet HIV, projeta até 2,9 milhões de mortes e mais de 10 milhões de novas infecções até 2030.

A pesquisa analisou dados de 26 países e modelou os efeitos da diminuição no financiamento. Os resultados mostram que as reduções podem causar impactos devastadores, especialmente em regiões de baixa e média renda.

Populações vulneráveis serão as mais atingidas pelos cortes

Segundo a OMS, os cortes no combate ao HIV afetam principalmente populações já expostas a riscos, como profissionais do sexo, usuários de drogas e homens que fazem sexo com homens.

A previsão também inclui 880 mil novas infecções em crianças e 120 mil mortes infantis nos próximos cinco anos. Isso se deve à interrupção de tratamentos e à redução na testagem e na distribuição de medicamentos e preservativos.

Cortes globais começaram com saída dos EUA da OMS

O impacto dos cortes no combate ao HIV aumentou após os Estados Unidos suspenderem sua contribuição à OMS em janeiro de 2025. O país era o maior doador dos programas voltados à prevenção de doenças como HIV, tuberculose e malária.

Além dos EUA, países como Alemanha, Reino Unido e Canadá também reduziram seus aportes, comprometendo ainda mais a continuidade dos serviços essenciais.

OMS reforça importância do financiamento sustentável

Meg Doherty, diretora de programas globais de HIV da OMS, alertou para os efeitos diretos dos cortes no combate ao HIV. Ela ressaltou que faltam medicamentos e profissionais em diversas regiões.

“Sem financiamento internacional estável, os sistemas de saúde não conseguem garantir o acesso contínuo à prevenção e ao tratamento”, afirmou Doherty.

Mobilização internacional ainda pode evitar o pior cenário

Apesar da gravidade da situação, o estudo da OMS aponta que há tempo para reverter parte dos danos. A retomada imediata dos financiamentos, mesmo que parcial, pode salvar milhares de vidas.

Organizações filantrópicas, como a Fundação Bill & Melinda Gates, e governos comprometidos podem liderar esse esforço. Além disso, políticas nacionais de saúde devem se fortalecer para proteger as comunidades mais afetadas.