O Coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro, veementemente negou nesta quinta-feira (24) perante o Supremo Tribunal Federal (STF) qualquer envolvimento em um suposto monitoramento ilegal do ministro Alexandre de Moraes. De acordo com sua versão dos fatos, as informações repassadas sobre os deslocamentos do magistrado visavam, na verdade, um simples “ajuste de agenda” e uma eventual aproximação. Atualmente detido, Câmara foi interrogado por videoconferência, figurando como um dos réus do “núcleo 2” da ação penal que investiga uma suposta trama golpista ocorrida durante o governo anterior.
O Contexto da Acusação e a Defesa do Coronel
As acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) indicam que este grupo, do qual o coronel faz parte, teria orquestrado ações para tentar manter Jair Bolsonaro no poder de forma ilegítima em 2022, após o período eleitoral. Durante o interrogatório no STF, um juiz auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, confrontou o coronel Câmara com mensagens trocadas entre ele e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborador da justiça. Em resposta, Câmara refutou categoricamente ter monitorado Moraes de forma ilegal, afirmando que apenas respondia a solicitações de Cid. O militar do Exército está sendo processado no âmbito da vasta investigação que apura a tentativa de golpe de Estado, sendo esta fase um dos momentos cruciais do processo judicial.
A Polêmica do Termo “Professora” e o Motivo das Informações
A denúncia da PGR, por conseguinte, aponta para uma mensagem específica enviada por Câmara a Cid em dezembro de 2022, na qual ele informava que o ministro Moraes estaria em São Paulo, referindo-se a ele como “professora”. Sobre essa comunicação, o coronel explicou que o termo foi uma “brincadeira” iniciada por Mauro Cid, à qual ele se uniu. “Partiu de Cid o termo professora, inclusive ele fala que foi uma brincadeira e eu ingressei nessa brincadeira. Eu não tinha o objetivo de esconder nada, pelo contrário”, afirmou durante o depoimento. Ademais, o ex-assessor de Bolsonaro reiterou que o propósito de repassar dados sobre os deslocamentos do ministro era “ajustar a agenda” e, principalmente, buscar uma “aproximação com o ministro”, com o intuito de “evitar uma série de problemas”.
Negação de Envolvimento no Plano “Punhal Verde Amarelo”
Em outra frente de questionamento, o coronel Marcelo Câmara também desmentiu qualquer participação no plano intitulado “Punhal Verde Amarelo”. Conforme a descrição da Procuradoria-Geral da República, este plano consistiria em ações que visavam atentar contra a vida do ministro Alexandre de Moraes, do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Por conseguinte, a negativa de Câmara em relação a este plano específico reforça sua linha de defesa de distanciamento das intenções mais extremas atribuídas a outros investigados no contexto da trama golpista.
Avanço da Ação Penal e Próximos Passos no STF
O interrogatório dos réus, como o realizado com o coronel Marcelo Câmara, representa uma das últimas etapas da ação penal em curso. A expectativa é que o julgamento, que definirá a condenação ou absolvição dos acusados pertencentes ao “núcleo 2” da denúncia, ocorra ainda no decorrer deste ano. Vale ressaltar que a PGR segmentou a denúncia relativa à trama golpista em quatro distintos núcleos. O primeiro deles, o “núcleo 1”, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, teve seus integrantes interrogados no mês anterior. Atualmente, essa porção do processo encontra-se na fase de alegações finais, a etapa derradeira antes da decisão, e o julgamento é previsto para setembro, marcando assim o avanço significativo das investigações e processos judiciais relacionados aos eventos de 2022.