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COP30 reverte veto a pratos paraenses após Sabino criticar preconceito

A COP30 reverteu o veto a pratos paraenses como açaí e tucupi em seu cardápio, após o ministro Celso Sabino criticar o equívoco e o preconceito contra a Região Norte.
COP30 reverte pratos paraenses
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em Belém, no Pará, reverteu uma decisão inicial que proibia a inclusão de pratos típicos da culinária paraense, como açaí e tucupi, em seu cardápio oficial. Essa mudança fundamental ocorreu após a forte intervenção do ministro do Turismo, Celso Sabino, que classificou a restrição como um grave equívoco e uma manifestação de preconceito contra a Região Norte do Brasil.

A Controvérsia e a Reação do Ministro

Inicialmente, a organização da COP30 impôs restrições à comercialização de alimentos emblemáticos da gastronomia paraense, gerando um debate acalorado. O ministro Celso Sabino rapidamente manifestou sua desaprovação, descrevendo a proibição como um erro lamentável. Ele enfatizou que o edital para a seleção dos fornecedores alimentícios havia excluído ingredientes essenciais da culinária local, citando especificamente o açaí, o tucupi e a maniçoba.

Em uma entrevista concedida durante o programa “Bom Dia, Ministro” da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o ministro refutou veementemente a justificativa por trás da proibição. Sabino expressou sua indignação, afirmando que tal atitude refletia uma tentativa de desprestigiar o Pará e a cidade de Belém por parte de indivíduos que, por desconhecimento, manifestavam preconceito contra a Região Norte. Ademais, ele comparou a situação a convidar alguém para uma churrascaria e, no último instante, anunciar a ausência de churrasco, destacando a singularidade da culinária local, um ponto que, por exemplo, não gerou debates em eventos anteriores como a COP de Dubai, onde comidas típicas também foram servidas.

Por conseguinte, Sabino sugeriu que por trás dessas polêmicas – incluindo as anteriores sobre hospedagem e preços abusivos – existia um desejo velado de que a COP30 não fosse realizada em Belém. Ele argumentou que, de fato, persiste um certo preconceito arraigado na mente de algumas pessoas em relação à Região Norte e seus habitantes. Contudo, essa tentativa de desvalorização se mostrou um “tiro que saiu pela culatra”, visto que a gastronomia de Belém é universalmente reconhecida como uma das mais ricas e deliciosas do mundo, transformando a controvérsia em uma oportunidade para realçar essa riqueza cultural.

A Reversão da Decisão e as Medidas Adotadas

A polêmica teve início quando a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), responsável pela seleção dos estabelecimentos para a COP30, publicou um edital listando alimentos e bebidas de “alto risco de contaminação” que estariam vetados nos espaços do evento. Entre os itens proibidos estavam o açaí, o tucupi, sucos de fruta in natura e a maniçoba, pratos que são pilares da identidade gastronômica paraense.

Diante da imediata e generalizada repercussão negativa, a organização da COP30 agiu rapidamente para corrigir o impasse. Posteriormente, a OEI, em colaboração com o governo federal e impulsionada pela intervenção do ministro Celso Sabino, modificou o edital. Através de uma nota, a organização informou que, após uma análise técnica aprofundada, uma errata foi publicada para garantir a plena incorporação da culinária paraense no evento. Em seguida, o detalhamento completo da oferta de alimentos será finalizado após a seleção dos fornecedores.

Compromisso com a Sustentabilidade e a Cultura Local

Além da revogação da proibição, a nota da OEI enfatiza o compromisso do edital revisado em valorizar empreendimentos coletivos no processo de seleção. Isso inclui cooperativas, associações, redes solidárias e grupos produtivos locais. Igualmente importante é a preferência por grupos historicamente ligados à produção de alimentos sustentáveis e à sociobiodiversidade, como povos indígenas, comunidades quilombolas, mulheres rurais, juventudes do campo e outras comunidades tradicionais. Essa diretriz reflete um esforço para promover a inclusão social e o desenvolvimento sustentável.

Adicionalmente, o edital estabelece uma meta clara: no mínimo 30% do valor total dos insumos adquiridos para o evento devem ser provenientes da agricultura familiar. Essa medida não apenas fomenta a economia local, mas também reforça o compromisso da COP30 com práticas sustentáveis e a valorização dos produtores regionais. Portanto, a decisão de reverter o veto aos pratos paraenses vai além da simples inclusão gastronômica; ela simboliza o reconhecimento da identidade cultural, a promoção da sustentabilidade e o combate a preconceitos, garantindo que Belém seja plenamente representada em um evento de importância global.

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