A secretária-geral da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Celeste Saulo, emitiu um alerta contundente durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que acontece em Belém. Saulo afirmou nesta quinta-feira que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C é “praticamente impossível”, enfatizando a necessidade premente de ações decisivas para frear as drásticas mudanças climáticas que já afetam o planeta. Sua declaração ressalta a urgência de uma resposta global coordenada diante dos desafios ambientais crescentes.
Abertura da COP30 e Apelo Urgente
Durante a cerimônia de abertura da Cúpula de Líderes em Belém, Celeste Saulo conclamou os participantes a fazerem da COP30 um marco transformador para o futuro da Terra. Ela defendeu que o evento deve ser lembrado como o ponto de virada global, com decisões eficazes que possam, de fato, mitigar o aquecimento do planeta. Com efeito, a secretária-geral da OMM destacou a Amazônia como um símbolo e testemunha desse momento crucial. Em suas palavras, embora as leis da física sejam imutáveis, a humanidade ainda possui a capacidade de redefinir seu trajeto no planeta, buscando um caminho mais sustentável.
Diagnóstico Climático Alarmante
Celeste Saulo apresentou dados alarmantes que sublinham a gravidade da situação climática. Ela informou que o ano de 2025 se consolidou como o mais quente já registrado na história da humanidade, um indicativo claro da aceleração do aquecimento global. Ademais, a temperatura média do planeta em janeiro registrou um aumento de 1,42 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais. Consequentemente, a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera atingiu o patamar preocupante de 800 partes por milhão (ppm), um nível que projeta um futuro consideravelmente mais quente e perigoso para a humanidade e para todos os ecossistemas.
A poluição dos oceanos, por outro lado, também alcançou níveis criticamente elevados, e o aumento contínuo do nível do mar representa uma ameaça iminente a diversas regiões costeiras. Simultaneamente, o derretimento acelerado das massas de gelo tanto na Antártida quanto no Polo Norte é uma preocupação crescente. O recuo das geleiras, a diminuição das áreas de gelo marinho e a redução das regiões cobertas por neve nas calotas polares desencadeiam, assim, profundas alterações climáticas em escala global, impactando padrões meteorológicos e a biodiversidade em todo o mundo.
O Desafio da Meta de 1,5°C
Ao abordar a meta de conter o aquecimento global a 1,5°C, estabelecida pelos signatários do Acordo de Paris em 2015, a secretária-geral da OMM expressou um tom de pessimismo notável. Ela enfatizou que a realidade atual já reflete um cenário preocupante, distante de um futuro hipotético. De fato, Saulo pontuou que o recorde no aumento dos níveis de gases de efeito estufa sugere que será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5°C nos próximos anos e, portanto, alcançar plenamente as metas estabelecidas pelo Acordo de Paris. Segundo ela, referenciando uma observação do secretário-geral da ONU, cada fração de grau nessa medição possui uma importância e um significado imensos para o futuro climático do planeta.
Progresso e Esperança em Meio ao Alerta
Apesar da avaliação sombria sobre a meta de 1,5°C, Celeste Saulo também reconheceu a existência de progresso tangível em diversas partes do mundo. Ela destacou que a melhoria nos serviços climáticos está impulsionando a transformação dos processos de decisão em cidades e regiões, permitindo uma adaptação mais eficaz aos desafios climáticos. Além disso, a secretária-geral enalteceu o papel fundamental das organizações científicas, que não apenas alertam a sociedade sobre os perigos iminentes, mas também oferecem apoio crucial na preparação para os impactos destrutivos do aquecimento global. Assim, a colaboração entre ciência e governança emerge como um pilar essencial na busca por resiliência e mitigação.
Em conclusão, as palavras de Celeste Saulo na COP30 reforçam a dualidade de um cenário climático alarmante e a persistente esperança na capacidade humana de agir. A exigência de ações imediatas e transformadoras nunca foi tão clara, e a conferência em Belém se apresenta como uma oportunidade derradeira para redefinir o futuro do planeta.



