A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, em novembro deste ano, promete trazer benefícios estruturais significativos para a cidade, impactando positivamente a vida de cerca de 500 mil pessoas. A garantia é da diretora Socioambiental do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Tereza Campello, que assegura que os investimentos não se restringirão a uma simples “maquiagem” para o evento.
De acordo com Campello, o foco principal das obras financiadas pelo BNDES é a remoção de moradores de áreas vulneráveis a alagamentos constantes, proporcionando-lhes maior segurança e qualidade de vida. As declarações foram feitas durante o seminário “A Transição Energética e a Sustentabilidade do Futuro”, realizado na sede do BNDES, no Rio de Janeiro.
Obras Estruturais Longe dos Holofotes
Surpreendentemente, Tereza Campello destacou que a maioria das intervenções do BNDES está sendo realizada fora das áreas de maior visibilidade turística, contrariando a ideia de que o objetivo seria apenas embelezar a cidade para a COP30. “Todas as nossas intervenções estão fora das áreas onde os turistas vão passar, provavelmente ninguém vai ver as obras que estamos fazendo. Belém vai deixar de ter 500 mil pessoas que vivem em situação de risco”, afirmou a diretora.
Além disso, Campello enfatizou que apenas duas obras estão localizadas no chamado “polígono da COP30”, a área por onde os participantes do evento deverão circular. Dessa forma, o BNDES busca priorizar investimentos de impacto social duradouro, em vez de focar em intervenções superficiais.
Defesa da Escolha de Belém como Sede
Ademais, a diretora do BNDES rebateu as críticas sobre a suposta falta de preparo de Belém para sediar a COP30. Segundo ela, o presidente Lula, ao escolher a cidade, estava ciente dos desafios históricos enfrentados pela região Norte do país, especialmente em relação ao saneamento básico. A intenção, portanto, seria apresentar ao mundo uma Amazônia real, com suas dificuldades e potencialidades, e não uma versão idealizada.
Nesse sentido, Campello ressaltou que o governo e o BNDES estão trabalhando em conjunto para solucionar problemas como a falta de hospedagem na cidade, reconhecendo que essa é uma questão crucial para o sucesso do evento. “É um problema que nós temos que resolver mesmo. E estamos batalhando para que isso aconteça”, assegurou.
Modelo de Investimento Replicável
Em contrapartida, Tereza Campello vislumbra que o modelo de investimento implementado em Belém para a COP30 possa ser replicado em outras cidades brasileiras, contribuindo para a adaptação de áreas vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, como ondas de calor e inundações. Para ela, essa abordagem representa uma oportunidade de fortalecer a resiliência urbana e promover um desenvolvimento mais sustentável.
A Necessidade de Mais Recursos
Entretanto, a diretora do BNDES ressalta que a expansão desse modelo de investimento para outras cidades depende da disponibilidade de mais recursos financeiros. Ela argumenta que os países em desenvolvimento, que serão os mais afetados pelas mudanças climáticas, precisam de apoio financeiro para enfrentar os desafios impostos pelo aquecimento global. “Nós precisamos de recursos, porque os países em desenvolvimento, os países pobres, serão os mais atingidos e não têm recursos para fazer frente a essas mudanças”, concluiu.
COP30: Um Espaço para o Diálogo Global
A COP30, que acontecerá em novembro, reunirá representantes de diversos países para discutir e propor medidas para mitigar o aquecimento global, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis. O evento é considerado um espaço crucial para o diálogo e a cooperação internacional na busca por soluções para os desafios climáticos que afetam a segurança e o bem-estar das populações em todo o mundo.