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Confronto Entre Polícia e Indígenas Deixa Feridos em Mato Grosso do Sul

Encontro violento ocorreu após ocupação indígena na Fazenda Barra, parte de uma terra homologada como território tradicional guarani-kaiowá.
Confornto entre indígenas e polícia militar do mato grosso do sul
Foto: Polícia Militar

Na última quinta-feira (12), um confronto entre a Polícia Militar e indígenas das etnias guarani e kaiowá resultou em feridos na área rural de Antônio João, Mato Grosso do Sul, cerca de 300 quilômetros de Campo Grande. O incidente ocorreu após a ocupação de parte da Fazenda Barra, localizada dentro da Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, que foi homologada como território tradicional indígena em 2005.

O Conflito e a Ocupação da Fazenda

De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os indígenas decidiram retomar a área como forma de pressionar pela regularização de seus direitos sobre a terra, que consideram tradicionalmente pertencente aos seus antepassados. A Fazenda Barra, ocupada parcialmente desde 1998, é a última das nove propriedades sobrepostas ao território homologado a não ter sido completamente retomada pelos indígenas.

Os fazendeiros que ocupam a região há décadas contestam a homologação na Justiça, o que paralisou o processo de retirada dos não-indígenas da área. Cansadas da demora na resolução da questão, as comunidades indígenas iniciaram a ocupação da fazenda na esperança de acelerar o processo.

Confronto com a Polícia Militar

A ocupação levou ao confronto com a Polícia Militar, acionada para intervir na situação. Segundo relatos do Cimi, os indígenas foram atacados pelas forças policiais, o que resultou em ferimentos em três indígenas, sendo dois homens e uma mulher. Todos foram encaminhados para o Hospital Municipal Dr. José Altair de Oliveira, mas até o momento, o estado de saúde das vítimas não foi divulgado.

A Polícia Militar informou que, durante o confronto, um policial foi atingido por uma flechada na virilha. O governo estadual reforçou o policiamento na área, enviando equipes do Batalhão de Choque para evitar novos conflitos, atendendo a uma determinação judicial.

Missão de Observação dos Direitos Humanos

No mesmo dia do confronto, uma missão composta por representantes de organizações sociais e órgãos federais visitava a região para avaliar os recentes conflitos entre indígenas e fazendeiros em várias cidades do Mato Grosso do Sul. Entre os membros da missão estavam representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, do Cimi, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), além de representantes de ministérios e da Defensoria Pública da União (DPU).

Resposta do Governo e Força Nacional

Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública informou que, por volta das 17h de quinta-feira, duas equipes da Força Nacional foram enviadas para a região para assegurar a ordem pública e a segurança das partes envolvidas. A Força Nacional chegou ao local por volta das 19h30, quando foi informada pela Polícia Militar sobre os ferimentos de um indígena e do policial atingido pela flecha.

Conclusão

O confronto em Antônio João evidencia a urgência de resolver a questão fundiária envolvendo terras indígenas em Mato Grosso do Sul. A comunidade guarani-kaiowá espera por uma solução definitiva que garanta seus direitos sobre territórios ancestrais, enquanto a situação tensa na região continua a exigir medidas de segurança e diálogo entre as partes.