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Conflito no Oriente Médio é tema recorrente em questões do Enem

Confira como o assunto foi abordado nos últimos anos
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

O conflito entre Israel e Hamas e o contexto da guerra no Oriente Médio foram assuntos abordados em edições de anos anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As questões foram cobradas nas provas de ciências humanas e também de linguagens com textos em inglês e espanhol sobre o assunto.

Agência Brasil reuniu essas questões e os respectivos gabaritos. As provas na íntegra, assim como as respostas corretas, podem ser acessadas no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Foram consideradas tanto as aplicações regulares quanto o Enem voltado para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade, o chamado Enem PPL.  

Em 2013, uma questão do Enem regular abordou uma mudança realizada pelo Google que passava a exibir o termo Palestina ao invés de territórios palestinos quando a página era acessada da Cisjordânia. A questão 21 era sobre o motivo da alteração e a resposta correta foi a letra D: “reconhecimento de uma autoridade jurídica”.

Em 2016, uma questão do primeiro dia do Enem PPL trazia dois trechos de textos sobre o que ocorreu no território entre as duas Grandes Guerras Mundiais. Um deles abordava o crescimento da imigração judaica entre 1931 e 1935 para a Palestina, período em que essa população passou de 10% para mais de 30% da população local. O outro texto tratava do papel da Grã-Bretanha no contexto local. A questão 44 abordava a posição política da Grã-Bretanha sobre o assunto e resposta correta foi a letra A: “criação de um Estado aliado”.

No segundo dia de aplicação do Enem PPL do mesmo ano, também havia, na prova de espanhol, uma questão que abordava a situação na região. Um texto tratava das circunstâncias em que ocorreu a primeira maratona realizada na Cisjordânia. A maioria (70%) dos envolvidos na corrida eram palestinos, que propuseram um lema e confeccionaram faixas. A questão 91 tratava da reivindicação dos corredores e a resposta correta era a letra E: “liberdade de ir e vir e de praticar esportes”.

Em 2017, a prova de inglês trazia um trecho de um guia turístico de Israel, que abordava questões culturais e religiosas locais. O texto tratava também das divergências entre os habitantes sobre as formas de conduzir a política do país. A questão 01 perguntava sobre qual era o conteúdo do guia turístico e a resposta correta foi a letra E: “apresenta aspectos gerais da cultura do país para continuar a atrair turistas estrangeiro”.  

Em 2018, uma questão do Enem regular afirmava que, desde 1967, a esquerda sionista defendia que Israel se desfizesse da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, devido à taxa de nascimento árabe ser muito mais elevada. A questão 62 abordava qual seria a preocupação apresentada no texto e a resposta correta era a letra B: “busca da preeminência étnica sobre o espaço nacional”.  

Em 2019, o Enem PPL trouxe dois mapas que mostravam a Palestina, o Estado Judeu e áreas de controle internacional, tanto em 1947, quanto em 2013. Uma representação, em imagens, do conflito geopolítico. A questão 57 abordava o que buscavam as forças envolvidas no conflito nos períodos retratados e a resposta foi a letra A: “garantir a posse territorial”.

Tema frequente

Professores entrevistados pela Agência Brasil dizem que este é um tema que aparece com certa frequência no Enem.

É um tema que é recorrente porque se encaixa em muitas das habilidades que a prova de humanas cobra, como estados nacionais, relação de cidadania e democracia, habilidade de interpretação de fontes cartográficas, mapas. Como é um conteúdo que pode ser abordado de múltiplas formas, acaba sendo alvo de muitas questões”, diz o professor de história do colégio Mopi, no Rio de Janeiro, Rafael Duarte.  

É um tema muito recorrente, tanto no Enem como nas universidades estaduais. Quando se fala em conflitos sempre se pega muito essa questão de Israel, Palestina e da Faixa de Gaza, porque além de fatores políticos em relação à ocupação desses espaços, tem o fator econômico e também o religioso”, complementa a diretora da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Escritor Paulo Cavalcanti, em Olinda (PE) e professora de geografia da Escola Estadual São José, em Paulista (PE), Patrícia Mesquita.  

A professora ressalta que conhecer as questões de exames anteriores pode ajudar os estudantes a resolver as questões neste ano. “Agora, com a proximidade do exame, é rever as questões [de provas] anteriores, que falem desses conflitos não apenas no Enem, mas outras universidades”, recomenda.  

Desde o dia 7, noticiários de todo o mundo colocam em destaque a guerra entre Israel e Hamas. O conflito se acirrou após um ataque do grupo islâmico Hamas contra comunidades israelenses próximas à Faixa de Gaza. 

A guerra entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. Em diferentes momentos, guerras e ocupações, eles foram expulsos, retomaram terras, ampliaram e as perderam.

O Enem 2023 será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. As notas das provas podem ser usadas para concorrer a vagas no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) e a financiamentos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Além de aplicar para vagas em instituições estrangeiras que têm convênio com o Inep

Fonte: Agência Brasil – https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-10/conflito-no-oriente-medio-e-recorrente-em-questoes-do-enem