Início do conclave marca momento decisivo para a Igreja Católica
O conclave que vai eleger o próximo papa começa nesta quarta-feira (7), na Capela Sistina, em Roma. Após a morte do papa Francisco, no mês passado, a Igreja Católica entra agora em um novo capítulo de sua história. A expectativa entre os cardeais é que a escolha ocorra de forma rápida e harmônica, refletindo união e clareza quanto aos rumos da instituição.
Nos últimos dez conclaves, a média de duração foi de pouco mais de três dias. Os dois mais recentes, em 2005 e 2013, terminaram em apenas dois. Por isso, os cardeais veem a agilidade como um sinal de coesão.
“Não entraria em pânico se não houver um papa até o segundo dia, mas se passarmos do terceiro, a preocupação cresce”, afirmou Thomas Reese, jesuíta e comentarista do Vaticano.
Expectativa é por um conclave curto, mas cenário pode surpreender
Segundo as regras do conclave, a eleição acontece em rodadas de votação até que um candidato obtenha dois terços dos votos. Quando isso ocorre, a fumaça branca sinaliza ao mundo o surgimento do novo pontífice.
No entanto, o número elevado de eleitores novos pode prolongar o processo. O papa Francisco nomeou cerca de 80% dos 133 cardeais eleitores. Muitos deles vieram de dioceses distantes e terão seu primeiro contato presencial agora. Isso pode dificultar o consenso inicial.
Além disso, alguns cardeais são considerados favoritos há anos, como Pietro Parolin e Luis Antonio Tagle. Mas outros nomes podem ganhar força nas conversas informais e durante as votações preliminares.
Votações iniciais testam nomes e definem caminhos
A primeira votação costuma ser simbólica, servindo para medir o terreno. A partir do segundo dia, os cardeais votam duas vezes pela manhã e duas vezes à tarde. Se após três dias nenhum nome for escolhido, eles fazem uma pausa para oração e reflexão.
Esse modelo já revelou surpresas no passado. Em 2013, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, assumiu a liderança logo na segunda rodada. Ele foi eleito ainda naquele dia, apesar de não ser considerado o favorito.
Já em 2005, Joseph Ratzinger confirmou o favoritismo e se tornou o papa Bento XVI após quatro votações.
Disputas de visão e influência nos bastidores
Embora os cardeais não possam fazer campanha aberta, o debate de ideias é intenso. Durante refeições e encontros informais, eles discutem os caminhos da Igreja. Grupos mais conservadores, como o liderado pelo alemão Gerhard Müller, tentam mobilizar apoio a candidatos tradicionalistas. Em contrapartida, nomes ligados à visão de Francisco, como o canadense Michael Czerny, buscam continuidade.
Especialistas apontam que, diante da diversidade cultural e teológica dos eleitores, poderá surgir um nome de consenso. Esse perfil deve unir diferentes correntes e representar um novo equilíbrio para a Igreja no pós-Francisco.
Escolha do novo papa simboliza direção da Igreja
O conclave não decide apenas quem será o novo líder espiritual de 1,3 bilhão de católicos. Ele também define o tom e o foco da Igreja nos próximos anos. Por isso, a velocidade da decisão importa — e muito. Um conclave curto indica alinhamento. Um longo, incertezas.
A expectativa, então, é por um desfecho até o final da sexta-feira (9). Caso contrário, o impasse pode sinalizar divisões internas mais profundas.