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Comportamento causa metade das demissões em 2024, diz pesquisa

Pesquisa da PUCPR Carreiras revela que metade das demissões em 2024 ocorreu por questões comportamentais, à frente de automação e cortes de custos.
Comportamento demissões 2024
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Metade das demissões registradas no ano de 2024 teve sua origem em questões comportamentais, superando inclusive fatores como a automação de atividades e cortes orçamentários. Essa revelação surpreendente advém de um levantamento conduzido pelo PUCPR Carreiras, o setor de empregabilidade da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como parte de seu 6º Observatório de Carreiras e Mercado.

De acordo com os dados apurados, 50% dos desligamentos ocorreram devido a aspectos do comportamento profissional. Em seguida, empatados na segunda posição, surgem a automação das atividades e a redução de custos/cortes de despesas, ambos representando 25% das causas das demissões. Para compor essa pesquisa abrangente, foram consultados 3.631 estudantes, 3.655 ex-alunos (alumni) e 583 empresas especializadas na área de recrutamento humano, garantindo uma perspectiva ampla do cenário do mercado de trabalho.

A Essencialidade das Habilidades Comportamentais no Trabalho

A coordenadora do PUCPR Carreiras, Luciana Mariano, enfatiza que o mercado atual concede grande valor a profissionais que conseguem aliar competência técnica sólida com habilidades interpessoais que favorecem um convívio harmonioso. Ela explica que a presença de um único indivíduo com posturas negativas pode, por exemplo, prejudicar severamente a dinâmica de toda a equipe, gerando conflitos internos, queda na produtividade e, consequentemente, a perda de talentos valiosos. Portanto, Luciana ressalta a importância crucial de um olhar atento para o autoconhecimento.

Adicionalmente, Luciana Mariano salienta que o sucesso profissional se apoia, cada vez mais, na combinação equilibrada entre a capacidade de executar tarefas com maestria e a aptidão para interagir efetivamente com as pessoas. De fato, mais do que a mera proficiência em ferramentas ou processos, é fundamental que os profissionais desenvolvam inteligência emocional, exercitem a empatia, cultivem o respeito e demonstrem responsabilidade em suas interações. Além disso, a autoavaliação contínua é imprescindível, incentivando o questionamento constante sobre a própria postura nas relações diárias e a maneira de gerenciar emoções e interagir com os demais no ambiente corporativo.

Habilidades em Destaque: Um Panorama em Evolução

O estudo do PUCPR Carreiras também detalhou quais habilidades foram mais valorizadas pelas empresas no ano passado. Entre as mais citadas, destacam-se a comunicação oral, representando 11,46% das menções; o planejamento, com 10,73%; e a solução de problemas, que alcançou 10,18%. Subsequentemente, a gestão de conflitos apareceu com 7,51%, seguida pela comunicação escrita, com 7,42%. Esses dados indicam uma clara preferência por competências que facilitam a interação e a organização dentro das equipes.

Entretanto, ao comparar os achados com o ano de 2021, um período em que as empresas lidavam diretamente com as ramificações da pandemia de COVID-19, observa-se uma notável mudança nas prioridades. Naquela época, as habilidades diretamente ligadas à solução de problemas ocupavam o topo da lista, atingindo 12,58% das indicações. Essa transição sugere uma adaptação do mercado às novas demandas e desafios, reforçando a flexibilidade como um atributo essencial.

A Busca Contínua por Desenvolvimento e Empregabilidade

A pesquisa também lança luz sobre a postura proativa dos profissionais no cenário atual. Revelou-se que um expressivo percentual de 76% dos entrevistados está investindo ativamente na aquisição de novos conhecimentos. Essa atitude demonstra um claro empenho em evitar a estagnação e, simultaneamente, fortalecer a própria empregabilidade. Paralelamente, 16,32% das empresas participantes da pesquisa indicaram que priorizam candidatos que demonstram um interesse genuíno e constante em se atualizar, o que valida a importância do aprendizado contínuo.

Para Luciana Mariano, a dinâmica do mercado de trabalho é intrinsecamente veloz, e o mais relevante reside na forma como cada indivíduo se posiciona diante dessas transformações. Ela reforça a necessidade inadiável de atualizar os conhecimentos e desenvolver novas competências. Segundo a coordenadora, aqueles que mantêm um aprendizado constante conseguem se adaptar com mais facilidade às mudanças, identificar novas oportunidades e compartilhar saberes. Além disso, essa prática beneficia não apenas a trajetória individual de carreira, mas também contribui significativamente para o desempenho geral das organizações, que demandam profissionais preparados para aprender, para se adaptar e para colaborar eficazmente no ambiente de trabalho em constante evolução.