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Cid: Bolsonaro leu minuta golpista e pediu alterações, diz em novo depoimento

Cid detalha a Moraes que Bolsonaro leu e pediu ajustes em minuta de golpe que previa prisão de ministros do STF e novas eleições em 2022.
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Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Cid Afirma que Bolsonaro Leu Minuta Golpista e Solicitou Modificações

Ex-Ajudante de Ordens Detalha Envolvimento de Bolsonaro em Plano para Anular Eleições de 2022

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, reiterou nesta segunda-feira (14) que Bolsonaro teve acesso e examinou a controversa minuta golpista. Este documento propunha a realização de novas eleições e a detenção de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022. A revelação foi feita durante um novo depoimento de Cid ao ministro Alexandre de Moraes, relator das ações penais relacionadas aos núcleos 2, 3 e 4 da investigação sobre a trama golpista.

Cid, que firmou acordo de delação premiada, foi convocado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pela acusação, para fornecer mais detalhes sobre o caso.

Apresentação da Minuta a Bolsonaro

Durante o depoimento, Mauro Cid confirmou que Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais de Bolsonaro e atualmente réu no processo, levou um jurista para duas reuniões com o ex-presidente. O objetivo dessas reuniões era apresentar formalmente o documento com teor golpista a Bolsonaro.

Além disso, Cid relatou que, durante esses encontros, Bolsonaro não apenas leu a minuta, mas também solicitou alterações específicas no texto.

Conteúdo da Minuta e Alterações Solicitadas

De acordo com o depoimento de Cid, a minuta original previa a prisão de diversos ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, e do então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Entretanto, após a revisão de Bolsonaro, o documento foi modificado para prever unicamente a prisão de Moraes.

Cid explicou que o documento era dividido em duas partes principais. “A primeira parte continha considerações sobre supostas interferências do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no processo eleitoral. A segunda parte detalhava a prisão de autoridades e a decretação de novas eleições”, afirmou o tenente-coronel.

O depoimento de Mauro Cid ocorreu por videoconferência. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, não foram permitidas fotos, gravações de áudio e vídeo, nem transmissão ao vivo da sessão. Contudo, os advogados dos acusados e representantes da imprensa puderam acompanhar o depoimento.

Nova Fase da Investigação

O processo referente à trama golpista entra em uma nova fase nesta semana. A partir de amanhã, dia 15, terão início os depoimentos das testemunhas indicadas pelas defesas dos réus que fazem parte dos três núcleos investigados. A expectativa é que esses depoimentos se estendam até o dia 23 de julho.

Em junho, o STF já havia colhido os depoimentos das testemunhas do Núcleo 1, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados próximos.