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Chefe da Marinha pede dispensa de depoimento sobre golpe

**Lide:** O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, pediu dispensa de depoimento na ação penal que investiga o envolvimento de Jair Bolsonaro em um plano golpista. Sua ausência na audiência desta sexta-feira é justificada pela alegação de desconhecimento dos fatos.
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Foto: Reprodução Youtube Marinha do Brasil

O comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), dispensa para não depor na ação penal que investiga um suposto plano golpista durante o governo de Jair Bolsonaro. A audiência, inicialmente marcada para esta sexta-feira (23), depende agora da decisão do ministro após o pedido de dispensa.

Pedido de Dispensa do Almirante Olsen

O pedido de dispensa do almirante Olsen foi apresentado pelos advogados da União que o representam. A justificativa, segundo o documento, é o desconhecimento dos fatos investigados na ação penal. Em outras palavras, a defesa argumenta que o almirante não possui informações relevantes para o processo e, portanto, seu depoimento seria desnecessário.

O almirante foi citado como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, um dos oito réus acusados de participar do núcleo central do plano golpista, conforme a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O ministro Moraes concedeu um prazo de 24 horas para a defesa de Garnier se manifestar sobre a dispensa da testemunha. Mesmo que a defesa de Garnier requeira a oitiva, a decisão final, no entanto, permanece sob a responsabilidade do ministro Moraes.

Contexto da Investigação e Acusações

A denúncia da PGR acusa Garnier de ter se aliado ao plano golpista liderado por Bolsonaro, colocando, supostamente, suas tropas à disposição do então presidente. Esse depoimento se baseia em declarações do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Júnior. É importante destacar que, no período investigado – novembro e dezembro de 2022 – Olsen ocupava o cargo de comandante de Operações Navais. Portanto, qualquer movimentação significativa de tropas navais teria passado, necessariamente, por sua aprovação.

A estratégia da defesa de Garnier, portanto, visa demonstrar a inexistência de tal mobilização de tropas sob o comando do almirante Olsen. A ausência de envolvimento do almirante, segundo a estratégia da defesa, enfraqueceria as acusações contra Garnier. Esta tática, em suma, busca desvincular Garnier de qualquer participação ativa no alegado plano golpista.

As Acusações Contra Garnier e o Contexto Político

Almir Garnier, assim como os outros réus, responde por cinco crimes perante o Supremo Tribunal Federal: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de patrimônio tombado. A gravidade das acusações e o alto escalão militar envolvido colocam em destaque a dimensão política do caso.

Além disso, a investigação destaca a preocupação com a possibilidade de interferência militar em processos políticos e a importância da apuração completa dos fatos para garantir a transparência e a credibilidade das instituições. A ausência de depoimento do almirante Olsen, ainda que justificada, gera questionamentos e contribui para o amplo debate sobre o assunto no cenário político nacional. O desfecho da solicitação de dispensa e a evolução do processo judicial prometem manter a atenção do público e da imprensa.

Implicações e Desdobramentos

Em conclusão, a solicitação de dispensa do almirante Olsen adiciona mais um capítulo complexo à investigação sobre o suposto plano golpista. A decisão do ministro Moraes sobre o pedido de dispensa, portanto, terá um impacto significativo no andamento do processo e poderá influenciar a estratégia de defesa dos demais réus. Aguardam-se novos desdobramentos deste caso de alta repercussão nacional.