O Conselho Federal de Medicina (CFM) deu um passo importante ao criar a Comissão de Saúde e Espiritualidade. A nova estrutura, com sede em Brasília, tem como objetivo estudar, debater e divulgar como práticas espirituais podem colaborar no tratamento de pacientes.
A proposta, segundo a médica e coordenadora Rosylane Rocha, é fortalecer o conhecimento técnico dos profissionais da saúde sobre os efeitos da espiritualidade no bem-estar físico e mental. “A ideia é alimentar o CFM com o que há de mais moderno em pesquisa e apoiar médicos de todo o Brasil”, afirma Rosylane.
Espiritualidade não se confunde com religião, dizem especialistas
Apesar de muitas associações com crenças religiosas, os integrantes da comissão reforçam que espiritualidade é algo mais amplo. “Não estamos falando sobre fé religiosa, e sim sobre a vivência de propósito, conexão e sentido de vida”, explica Rosylane Rocha.
Na prática clínica, os médicos poderão ser orientados sobre como abordar o tema com seus pacientes, respeitando diferentes credos, filosofias ou ausência de crenças.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece, desde 1998, a espiritualidade como um fator que deve ser considerado no cuidado integral à saúde. Estudos indicam que pessoas espiritualizadas apresentam maior resiliência, menor incidência de depressão e melhor qualidade de vida.
Pesquisas mostram que orações e meditação impactam o cérebro
Um dos focos da nova comissão será estudar a relação entre oração, meditação e o funcionamento cerebral. Segundo Rosylane, há pesquisas que identificam a liberação de neurotransmissores do bem-estar durante práticas espirituais.
Essas substâncias, como serotonina e dopamina, estão associadas à sensação de calma, alegria e equilíbrio emocional. “A espiritualidade pode ser uma aliada no processo de cura, principalmente em quadros que exigem força psicológica”, afirma a médica.
Comissão terá base científica e colaborativa
A Comissão de Saúde e Espiritualidade foi aprovada oficialmente em março de 2025, mas vinha sendo estruturada desde o fim de 2024. Ela reunirá médicos, pesquisadores e especialistas de diversas áreas e religiões, com o compromisso de produzir conhecimento científico.
Além da produção de estudos, o grupo promoverá debates, eventos e cursos para capacitar profissionais da saúde a reconhecerem e respeitarem a dimensão espiritual de seus pacientes, sempre com base na ética médica e nas evidências clínicas.