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Cecafé tenta incluir café em lista de exceções de tarifas dos EUA

O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) negocia a exclusão do café brasileiro das novas tarifas de 50% dos EUA, citando impacto nos preços e consumidores.
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Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

O Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) está empenhado em intensas negociações diplomáticas para assegurar a retirada do café brasileiro da iminente lista de produtos sujeitos a uma tarifa de 50% nos Estados Unidos. A entidade argumenta veementemente que a aplicação desses impostos adicionais impactaria diretamente os custos para os consumidores norte-americanos, gerando uma pressão inflacionária no mercado da bebida. A iniciativa busca preservar a competitividade e a fluidez de um dos mais importantes fluxos comerciais entre as duas nações.

Contexto das Novas Tarifas Americanas

Anteriormente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, formalizou uma Ordem Executiva que propõe a taxação de 50% sobre uma série de produtos importados do Brasil. Inicialmente, o café estava incluído nessa relação, levantando preocupações significativas entre os produtores e exportadores brasileiros. Entretanto, o mesmo decreto presidencial já estabelecia uma ampla lista de exceções, compreendendo cerca de 700 categorias de mercadorias. Entre os itens isentos de tributação, destacam-se o suco e a polpa de laranja, diversos combustíveis, minérios, fertilizantes e até mesmo aeronaves civis, juntamente com seus motores, peças e componentes essenciais.

Ações do Cecafé e Parcerias Estratégicas

Diante desse cenário desafiador, o Cecafé reafirmou seu compromisso em prosseguir com as discussões junto a suas contrapartes nos Estados Unidos, como a renomada National Coffee Association (NCA). O objetivo central dessas tratativas é persuadir o governo americano a incluir o café na lista de exceções fiscais, reconhecendo sua importância para a economia de ambos os países. Além disso, em um comunicado conjunto, Márcio Ferreira, presidente do Conselho Deliberativo do Cecafé, e Marcos Matos, diretor-geral da entidade, alertaram sobre as consequências diretas da medida. Eles enfatizaram que a implementação dessa taxação “implicará elevação desmedida de preços e inflação, uma vez que esses tributos serão repassados à população americana no ato da compra”, reiterando o impacto negativo sobre o poder de compra do consumidor final.

A Relevância da Parceria Cafeeira Brasil-EUA

A relação comercial no setor cafeeiro entre o Brasil e os Estados Unidos é amplamente considerada “imprescindível”, conforme destacado pelo Cecafé. Essa parceria estratégica se evidencia nos números: o café de origem brasileira representa mais de 30% de todo o mercado de café consumido nos Estados Unidos, consolidando o Brasil como o principal exportador do grão para a nação norte-americana. Por outro lado, os Estados Unidos absorvem cerca de 16% de todas as exportações de café do Brasil, sublinhando a interdependência econômica. Ademais, a importância do café para o consumo interno americano é inegável, com 76% da população consumindo a bebida regularmente. A sociedade norte-americana investe aproximadamente 110 bilhões de dólares anualmente em café e itens relacionados, o que equivale a um gasto diário de cerca de 301 milhões de dólares, evidenciando o profundo enraizamento da bebida na cultura e economia local.

Impacto no Mercado de Cafés Especiais

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) também se manifestou sobre as possíveis implicações das tarifas. A entidade expressou preocupação de que a medida possa afetar negativamente a comunidade global do café especial, bem como todos os segmentos envolvidos na produção e comercialização de cafés de alta qualidade em escala mundial, com um impacto particularmente severo sobre o Brasil. Por conseguinte, os Estados Unidos configuram-se como o principal destino dos cafés especiais brasileiros, importando anualmente cerca de 2 milhões de sacas do produto. Essa movimentação gera uma receita superior a 550 milhões de dólares por ano para o Brasil, ilustrando a vitalidade desse nicho de mercado e a importância de sua preservação frente às barreiras comerciais propostas. Consequentemente, a manutenção desse fluxo comercial é crucial para a sustentabilidade e o crescimento da indústria de cafés especiais brasileira.

Em suma, as negociações entre o Cecafé e o governo americano, com o apoio de entidades do setor, prosseguem com o objetivo de proteger a robusta cadeia de valor do café. A decisão final sobre a inclusão do café na lista de exceções tarifárias dos EUA é aguardada com grande expectativa, dada a relevância econômica e cultural da bebida para ambas as nações.