O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta terça-feira (30) a implementação de um sistema de notificação imediata para casos suspeitos de intoxicação por metanol. A medida emerge em resposta a um surto preocupante no estado de São Paulo, onde foram confirmados dez casos e três óbitos desde o início de setembro. As vítimas apresentaram os sintomas após consumirem bebidas adulteradas com a substância tóxica, o que eleva o alerta nacional sobre a disseminação desse grave problema de saúde pública.
Reforço na Vigilância Epidemiológica e Investigação
Padilha enfatizou a urgência em comunicar qualquer suspeita, mesmo antes de um diagnóstico conclusivo, para o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) de cada estado. Essa determinação, de fato, visa agilizar o acompanhamento diário dos casos pelo Ministério da Saúde. Além disso, a iniciativa busca identificar rapidamente não apenas a extensão do problema em São Paulo, mas também qualquer padrão de crescimento ou comportamento clínico e epidemiológico incomum em outras regiões do país. Tal monitoramento, consequentemente, fortalece as investigações conduzidas tanto pela Polícia Federal quanto pelo Ministério da Justiça sobre a origem da contaminação.
Sinais de Alerta para o Consumidor
Durante uma coletiva de imprensa ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, Padilha detalhou os critérios para a notificação. Ele explicou que qualquer indivíduo que procure um serviço de saúde relatando sintomas e com histórico de ingestão de bebidas alcoólicas de procedência desconhecida, isto é, que não foram compradas e abertas em casa com lacre intacto, já configura um caso suspeito. Geralmente, esses episódios ocorrem em ambientes comerciais, festas ou locais de lazer, situações em que a origem da bebida é incerta. Portanto, a rápida comunicação desses casos se torna crucial para a contenção e elucidação do surto e para evitar novas vítimas.
Uma Anormalidade nos Registros Nacionais
A situação atual contrasta drasticamente com a série histórica de intoxicações por metanol no Brasil. De acordo com o ministro, em apenas um mês, o país registrou quase a metade dos casos anuais tipicamente observados. Historicamente, o Sistema Único de Saúde (SUS) notifica cerca de 20 casos por ano. Em contrapartida, em agosto, foram registrados 17 casos suspeitos de intoxicação por metanol. Se somarmos os meses de agosto e setembro, o total de notificações já se equipara ao que ocorreria em um ano inteiro, com a particularidade de estarem concentrados em um único estado da federação. Consequentemente, o ministro classificou a ocorrência como uma “situação anormal”, sem precedentes nos registros históricos do país.
A Gravidade da Intoxicação por Metanol
A ingestão de metanol representa uma emergência médica de altíssima gravidade. Uma vez no organismo, a substância é metabolizada, gerando produtos extremamente tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, que podem ser fatais. Os sintomas característicos incluem visão turva, perda parcial ou total da visão (podendo chegar à cegueira), além de mal-estar generalizado, manifestado por náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese intensa. Diante de tais sinais, a busca imediata por atendimento médico de emergência é imperativa para evitar complicações irreversíveis ou o óbito.
Onde Buscar Ajuda e Como Agir Rapidamente
É fundamental que, ao identificar esses sintomas, a pessoa procure imediatamente serviços de emergência médica. Além disso, é crucial entrar em contato com instituições especializadas para orientação e suporte. Os canais disponíveis incluem:
- Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001.
- CIATox da sua cidade: Para orientação especializada, uma lista completa está disponível no portal do governo.
- Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 (disponível de qualquer lugar do país).
A identificação e orientação de possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida são igualmente importantes. Recomenda-se que todos busquem avaliação e tratamento em um serviço de saúde, mesmo que não apresentem sintomas severos. A demora tanto no atendimento quanto na identificação da intoxicação pode, de fato, aumentar significativamente a probabilidade de desfechos mais graves, culminando, por exemplo, no óbito do paciente ou em sequelas permanentes.