Brasil enfrenta cenário alarmante de violência de gênero
Na sexta-feira (28), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, fez um pronunciamento contundente sobre a violência contra mulheres no Brasil. Segundo ela, o país vive uma verdadeira “guerra contra as mulheres”. A declaração foi dada durante o seminário Democracia, Justiça, Política e o Futuro do Ministério Público na Perspectiva Feminina, realizado em São Paulo.
De acordo com a ministra, somente em 2024 o Brasil registrou 20 milhões de notificações de violência contra mulheres. Essas ocorrências incluem casos de agressão física, ameaças de feminicídio, violência psicológica e econômica. “Vinte milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência em um único ano. Isso é uma guerra declarada contra as mulheres”, afirmou.
Representatividade feminina segue limitada no poder
Durante o evento, Cármen Lúcia também alertou para a sub-representação feminina nos espaços de poder, especialmente na política e no sistema de Justiça. Embora as mulheres formem a maioria do eleitorado brasileiro, ainda ocupam poucos cargos de decisão.
“Se todos fossem realmente a favor da igualdade, não estaríamos enfrentando esse quadro”, declarou. Ela lembrou que as mulheres representam mais de 50% da população brasileira, mas continuam sendo minoria nos parlamentos, tribunais e altos postos do Ministério Público.
Mesmo nas faculdades de Direito, onde as mulheres são maioria, esse protagonismo não se reflete nas instâncias superiores da magistratura. “Nos concursos públicos, temos muitas mulheres. Mas por que ainda temos procuradores e quase nenhuma procuradora nos postos mais altos?”, questionou a ministra.
Seminário reforça necessidade de políticas públicas efetivas
O seminário, promovido pela Escola Superior do Ministério Público de São Paulo (ESMPSP), encerrou a programação do mês da mulher. A iniciativa reuniu especialistas, autoridades e integrantes do sistema de Justiça para discutir os principais desafios enfrentados pelas mulheres no Ministério Público e em outras instituições.
A proposta do encontro é clara: fomentar políticas públicas que promovam igualdade de gênero e ampliem a participação feminina em todas as esferas de poder. A ministra reforçou que a transformação exige ação concreta, e não apenas discursos.
“Todo mundo diz que apoia a igualdade. Mas, se isso fosse verdade, o cenário não seria esse. Precisamos agir, e agir agora”, concluiu.
Um chamado à mudança
A fala de Cármen Lúcia, aplaudida por diversos presentes, lança luz sobre uma realidade urgente e complexa. Mas também carrega um tom de esperança. Afinal, reconhecer o problema é o primeiro passo para transformá-lo.
Com isso, o seminário se consolida como espaço fundamental para o avanço da igualdade de gênero. E deixa um recado claro: não haverá democracia plena sem mulheres nos espaços de poder e livres da violência.