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Câmara discute desarmamento da segurança presidencial e projeto avança em comissão

Texto do PL propõe que seguranças do presidente e ministros não portem armas, mas ainda precisa passar por novas comissões antes de ir ao Senado.
Câmara dos deputados, desarmamento
Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

Comissão aprova projeto de desarmamento para segurança presidencial

A Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira (8), um projeto de lei (PL) que propõe o desarmamento dos agentes responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seus ministros. A votação terminou com 15 votos favoráveis, 8 contrários e uma abstenção.

A proposta, de autoria do deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), conta com o apoio de parlamentares da oposição. Segundo eles, a medida visa alinhar o aparato de segurança com o discurso do governo federal, que historicamente se posiciona contra a disseminação de armas.

“Essa proposta condiz com a lógica do atual governo, que fala em cultura de paz e redução da violência”, afirmou Bilynskyj durante a sessão.

Projeto segue para análise em outras comissões

Apesar da aprovação inicial, o projeto ainda precisa passar por outras duas comissões da Câmara: a de Administração e Serviço Público e a de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Se aprovado nessas instâncias e caso não haja recurso para votação em plenário, seguirá para o Senado.

O texto argumenta que o porte de armas por parte da segurança do Executivo contraria os princípios defendidos pelo próprio governo. Portanto, os autores consideram coerente que o desarmamento comece dentro do Palácio do Planalto.

Entretanto, o tema provocou críticas de deputados da base governista, que consideram a proposta uma distorção do posicionamento do governo em relação à segurança pública.

Governistas rebatem e apontam riscos à segurança

O deputado Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) classificou a proposta como “tragicômica”. Segundo ele, o governo nunca defendeu o desarmamento de profissionais de segurança, e sim o controle sobre o acesso civil às armas de fogo.

“Dizer que somos contra armas em massa não significa querer policiais e agentes desarmados”, reforçou Vieira.

Ele também afirmou que a proposta parte de uma visão distorcida e pode colocar em risco autoridades nacionais, uma vez que a segurança de altos cargos exige protocolos e equipamentos adequados.

Debates seguem acirrados entre oposição e base

A proposta expôs divergências ideológicas profundas entre oposição e base governista. Enquanto a oposição alega estar apenas seguindo a retórica pacifista do governo, os aliados de Lula denunciam uma tentativa de enfraquecer a segurança institucional.

A tramitação do projeto nas próximas comissões deve manter o clima de tensão. Ainda assim, os parlamentares acreditam que o debate precisa ocorrer com responsabilidade e equilíbrio.

“Segurança é tema sério, e decisões como essa devem considerar riscos reais, não apenas discursos políticos”, disse um membro da CCJ sob anonimato.