Aprovação de Urgência e Debate Sobre Ajuste Fiscal
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, na última quarta-feira (4), a urgência para os projetos de lei que integram o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo federal. Com mais de 260 votos favoráveis, a medida visa ajustar o orçamento ao novo arcabouço fiscal. A votação do mérito ficou agendada para a próxima semana, permitindo maior debate entre os parlamentares.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), afirmou que a aprovação da urgência demonstra o compromisso com a pauta, mas garantiu que os pontos mais polêmicos serão discutidos amplamente. “O mérito das matérias será analisado no momento oportuno. Reconhecemos as restrições levantadas, especialmente sobre o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família, e estamos abertos ao diálogo”, declarou.
Pacote de Medidas e Polêmicas
Os projetos 210/2024 e 4612/2024 incluem propostas como limitar o reajuste do salário mínimo a 2,5% acima da inflação, alterando a fórmula atual que considera o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. Além disso, sugerem mudanças nas regras cadastrais do Bolsa Família e novos critérios de acesso ao BPC, destinado a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda.
Parlamentares da base governista e da oposição demonstraram preocupações. O deputado Valmir Assunção (PT-BA) pediu reconsiderações sobre as restrições ao BPC, classificando o benefício como essencial para os mais vulneráveis. “Não podemos permitir que o ajuste fiscal prejudique os mais pobres, dificultando o acesso ao BPC”, enfatizou.
Reações da Oposição e da Base Aliada
A oposição, liderada pelo PL e pelo Novo, obstruiu a votação e criticou o pacote como insuficiente para um verdadeiro ajuste fiscal. Marcel van Hatten (Novo-RS) cobrou cortes mais amplos, argumentando que as propostas atuais não atacam os principais gastos.
Por outro lado, partidos aliados ao governo, como o PSB, votaram pela urgência, mas pediram diálogo sobre o mérito. “Entendemos a necessidade de ajustes, mas o mérito precisa de mais diálogo e aperfeiçoamento”, declarou o líder Gervásio Maia (PSB-PB).
Já o PSOL se posicionou contra as propostas, argumentando que elas penalizam os mais pobres. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) classificou o pacote como “equivocado” e “ultraneoliberal”.
Próximos Passos e Promessa de Diálogo
A votação do mérito será realizada na próxima semana, com a promessa de negociações mais intensas. O governo se comprometeu a buscar soluções que conciliem o ajuste fiscal com a proteção dos mais vulneráveis. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) impôs critérios de transparência e rastreabilidade para o uso de emendas parlamentares, o que deverá influenciar o andamento das discussões.