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Brechas no Teatro Nacional revelam novos espaços e melhorias estruturais

Projeto de restauração utiliza áreas antes não mapeadas para criar ambientes modernos e acessíveis, preservando a essência arquitetônica de Niemeyer.
Sistema de Ventilação Teatro Nacional
Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Descobertas no processo de restauro

Durante a restauração do Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília, áreas antes consideradas “vazios” no projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer foram descobertas e transformadas em espaços funcionais. A reforma, iniciada em 2022, aproveitou essas brechas para criar ambientes que integram modernidade e acessibilidade, mantendo o compromisso com a originalidade da obra.

Segundo Antonela Solé, diretora da Solé Associados, responsável pelo projeto, o teatro foi construído de forma simultânea ao desenvolvimento dos planos arquitetônicos, o que resultou em divergências entre os documentos originais e a execução. “Essas descobertas foram possíveis graças ao engenheiro Bruno Contarini, que nos incentivou a explorar essas áreas”, afirmou.

Novos ambientes e tecnologias

Uma das principais inovações está no sistema de ventilação da Sala Martins Pena, que agora utiliza um espaço anteriormente preenchido por terra, localizado sob a plateia. O novo sistema foi projetado para garantir uma troca de ar eficiente, com dutos instalados sob as poltronas, proporcionando conforto térmico aos espectadores.

No foyer da Sala Martins Pena, outra área subutilizada foi transformada em banheiros modernos, incluindo um acessível para pessoas com deficiência e um fraldário. Essas mudanças refletem o compromisso do projeto com a acessibilidade e a funcionalidade.

Histórico de irregularidades e início da restauração

Fechado em 2014 por descumprimento de normas do Corpo de Bombeiros e do Ministério Público, o Teatro Nacional acumulava mais de 100 irregularidades, tornando urgente sua revitalização. A reforma começou pela Sala Martins Pena e seu foyer, graças à decisão do Governo do Distrito Federal (GDF) de fracionar o projeto em quatro etapas.

A primeira fase, com investimento de R$ 70 milhões, envolveu adequações estruturais e a recuperação da Sala Martins Pena. Futuras etapas contemplarão outras áreas, como a Sala Villa-Lobos, o Espaço Dercy Gonçalves e a Sala Alberto Nepomuceno, além do anexo. O GDF já anunciou um investimento adicional de R$ 320 milhões para as próximas fases.

Um ícone cultural renovado

O Teatro Nacional Claudio Santoro, com seus 500 mil metros quadrados, é um dos maiores complexos culturais do Brasil. A reforma não apenas corrige falhas estruturais, mas também agrega valor ao espaço, modernizando-o para receber o público com conforto e segurança. A reabertura da Sala Martins Pena, marcada por eventos com artistas de renome, simboliza um novo capítulo para este patrimônio cultural de Brasília.