O Brasil não enfrenta risco iminente de um colapso energético generalizado, conhecido como “apagão”, conforme reafirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O incidente registrado na terça-feira (14) foi classificado como uma falha técnica pontual e localizada em uma subestação no Paraná, descartando a possibilidade de ser um problema relacionado à capacidade de geração de energia do país.
A Garantia do Abastecimento Energético Nacional
Silveira, em entrevista à Agência Brasil após participar do programa “Bom Dia, Ministro” da EBC, enfatizou que o sistema elétrico brasileiro possui robustez e oferta suficiente para atender à demanda nacional. Segundo o ministro, ocorrências como a da terça-feira são, na verdade, “pontuais e momentâneas”, originadas por questões técnicas na infraestrutura e não por uma carência na produção de energia. Assim, a população pode ficar tranquila quanto à segurança do fornecimento.
Distinção entre Apagão e Falha Técnica
Para o ministro, é crucial diferenciar os termos. Tecnicamente, um “apagão” refere-se à incapacidade do sistema de gerar energia suficiente para a demanda, enquanto o recente evento constituiu uma interrupção localizada e de curta duração. Ele ressaltou que o uso do termo “apagão” popularizou-se, inclusive por motivações políticas, embora não se aplique tecnicamente à situação atual.
O Cenário de 2001 e a Dependência Hídrica
Silveira utilizou a crise de 2001 como um exemplo claro de um verdadeiro “apagão”. Naquela época, o Brasil dependia fortemente das usinas hidrelétricas, e uma severa crise hídrica, marcada pela escassez de chuvas, resultou em níveis perigosamente baixos nos reservatórios. Além disso, o país enfrentava um aumento no consumo de energia. Consequentemente, para evitar o colapso total do sistema de geração, o governo implementou medidas de racionamento que perduraram de junho de 2001 a março de 2002. Entretanto, ele assegura que “não é o caso agora”.
A Evolução do Sistema Interligado Nacional
Historicamente, em 2001, a infraestrutura do sistema elétrico não era totalmente interligada. Por conseguinte, regiões com excedente de geração não conseguiam suprir o déficit de outras áreas, cujos reservatórios estavam vazios, devido à falta de conexão. Com a expansão e a interligação da rede, este cenário mudou drasticamente. Atualmente, a energia gerada em usinas hidrelétricas com reservatórios cheios pode ser prontamente distribuída para o restante do país, especialmente para regiões afetadas por secas. Similarmente, o ministro recordou que em 2021 o país vivenciou uma situação de baixa nos reservatórios, que prejudicou a geração hidrelétrica. Ele atribuiu esse problema à “falta de planejamento” na contratação de usinas térmicas para complementar a demanda. Felizmente, hoje, com o sistema plenamente interligado e a ampliação e contratação de usinas térmicas, o Brasil não corre “nenhum risco energético”, garante Silveira à Agência Brasil.
Detalhes do Incidente na Subestação de Bateias
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que o incidente ocorreu às 0h32 da terça-feira, desencadeando uma interrupção de aproximadamente 10 gigawatts (GW) de carga e afetando os quatro subsistemas nacionais: Sul, Sudeste/Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Em nota detalhada, o ONS explicou que a falha teve origem em um incêndio em um reator na Subestação de Bateias, localizada no Paraná. Este evento resultou no desligamento completo da subestação de 500 kilovolts (kV) e, consequentemente, na interrupção da interligação entre as regiões Sul e Sudeste/Centro-Oeste. No momento da ocorrência, a Região Sul estava exportando cerca de 5.000 MW para as regiões do Sudeste e Centro-Oeste.
Mecanismos de Segurança e Restabelecimento
Silveira esclareceu que a linha de transmissão afetada pelo incidente é vital para a segurança energética nacional. Ele explicou que, diante de uma perda de grande porte, como os 10 GW em um momento de consumo de 72 GW, o sistema reage automaticamente para evitar um colapso total. O sistema interrompe programadamente o fornecimento de energia em partes de cada estado, reduzindo o impacto da perda e permitindo o restabelecimento de forma controlada. Segundo o ministro, “tudo dentro da normalidade do restabelecimento” do fornecimento de energia ocorreu, garantindo uma resposta eficiente à falha técnica.